Prêmio Décio Noviello: Froiid

Hoje vamos destacar o trabalho do artista brasileiro Froiid, apresentado na exposição É hora da onça beber água, realizada na galeria Genesco Murta, no Palácio das Artes.

Froiid vive e trabalha em Belo Horizonte e seu trabalho pretende criar caminhos dentro da arte relacional, que se baseia nas relações e nas interações sociais e humanas.

Froiid ocupa a galeria com uma mesa de bilhar de treze metros e convida o visitante a interagir com a obra, propondo uma instigação sobre as diversas relações possíveis de se estabelecer com o ato de jogar. O artista propõe também a subversão da lógica de se jogar e critica os próprios mecanismos do jogo, estabelecendo uma ampliação física e estética da experiência sensorial com a obra.

Exposição “É hora da onça beber água”, Froiid. Galeria Genesco Murta – FCS. Foto: Nathália Bruno.

Na galeria, os sons da mesa foram amplificados por microfones e alto-falantes. Os jogadores podem usar dois quadros existentes na exposição para marcar com giz o placar do jogo. Na parede, há um suporte para os tacos, como os que existem em locais onde se joga sinuca. Para compor esse ambiente, o artista traz ainda dois vídeos, posicionados ao fundo da galeria. Por meio desses vídeos, imagens de jogadores profissionais de sinuca “interagem” com a mesa de jogo instalada no espaço. As paredes da galeria foram pintadas nas cores verde e vermelha, assemelhando-se às pinturas dos comércios e bares populares.

O artista nos provoca a tocar na obra, ação muitas vezes proibida ao se visitar uma exposição de arte em uma galeria ou museu. Sua obra nos convida a relacionar com outras pessoas em uma espécie de universo lúdico promovido pelo jogo, proporcionando, ainda, uma atmosfera acústica e sensorial criada pela amplificação dos sons produzidos ao se manusear o jogo.

De que maneira podemos pensar o trabalho de Froiid como uma metáfora das relações humanas e sociais?  Se pensarmos por esse viés, o jogo é uma prática que coloca as pessoas em comunhão e em enfrentamento umas com as outras. Possui regras, conflitos, estratégias e requer do participante colaboração, criatividade e outras habilidades específicas. Talvez seja possível relacionar nossas práticas cotidianas e formas de viver e encarar os desafios propostos pela vida a uma sucessão de partidas, a um grande jogo.

Froiid muda os formatos padronizados da mesa de bilhar. Ao fazer essa alteração, ele nos convida a deslocar pelo espaço de um jeito diferente do que estamos habituados ao jogar, forçando quem joga a criar outras estratégias, a desconstruir as já conhecidas e a inventar outras maneiras de pensar durante o jogo.

Exposição “É hora da onça beber água”, Froiid. Galeria Genesco Murta – FCS. Foto: Nathália Bruno.


Além desses questionamentos, o trabalho de Froiid pode despertar outras reflexões ao se analisar mais detalhes da obra e de seu contexto, permitindo, assim, inúmeras interpretações. E você? O que tem a dizer sobre a proposta do artista? Quais outras metáforas você acha que poderiam se relacionar com essa proposta? Conte-nos de quais jogos você mais gostava na sua infância. Conseguimos jogá-los em casa? Quantas pessoas podem jogar? Você muda as regras de algum jogo?

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Referências:

OLIVEIRA, L. H. C.; CORRÊA, Amélia Siegel. A arte relacional e a participação do público: aproximações poéticas do período de 1960-70 com a 27ª Bienal de São Paulo. Disponível em:  ˂http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/27998˃. Acesso em: 21/02/2021.

Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais. Disponível em: ˂https://www.appa.art.br/2020/11/19/premio-decio-noviello-de-artes-visuais/˃. Acesso em: 21/02/2021.

Sobre a autora:

Nathália Bruno é bacharel e licenciada em Artes Plásticas, especialista em Ensino de Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.