Respire arte: Guilherme Cunha

Já parou para pensar na importância da qualidade do ar que respiramos para nós e para a vida no planeta Terra? Muitos benefícios existem para o nosso corpo. Infelizmente, está cada dia mais difícil termos ar de qualidade nas grandes cidades brasileiras devido à poluição atmosférica.  E nem é preciso fazer muito esforço para perceber isso, basta olhar o horizonte para ver os efeitos causados pela poluição excessiva do ar. 

Já se imaginou respirando ar de qualidade dentro de uma galeria localizada no hipercentro da cidade de Belo Horizonte? O artista visual, pesquisador independente e produtor cultural ativo em sua comunidade trouxe essa proposta para dentro da galeria, na CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais (2013), por meio do trabalho “Atmosfera Artificial”, que integrou a exposição “Diálogos Imaginários”. Em sua exposição individual, o artista explorou diversas formas do público interagir com a obra de arte, para além do uso da visão. Talvez você nunca tenha se atentado para a possibilidade de se pensar em “escultura” utilizando o ar como material. E provavelmente não tenha pensado em fazer parte de uma obra de arte desta maneira: trazendo o trabalho do artista para dentro do seu corpo, transformando o trabalho e devolvendo-o para o espaço pelo simples ato involuntário de respirar. De acordo com Guilherme Cunha, “a mostra é um laboratório onde há a tentativa de converter percepções e impulsos sensoriais em conhecimento”. Em meio ao caos cotidiano de uma capital movimentada, quem visitou a galeria encontrou uma espécie de “oásis” em que era possível parar para “respirar”, refletir e experimentar. Um ambiente inusitado, construído poeticamente pelo artista a partir do desejo de explorar e potencializar as capacidades de sentir e perceber do ser humano. Em algum momento, andando por uma cidade movimentada, você já teve a oportunidade de parar e observar o seu entorno? Experimentar e se atentar a sensações diversas nas quais o seu corpo estava submetido?

Figura 1: Instalação “Atmosfera Artificial”, Guilherme Cunha, 2013, CâmeraSete. Fonte: site do artista.

A instalação “Atmosfera Artificial” era composta por 24 cilindros de gás respirável, com altas taxas de oxigênio, purificado e engarrafado industrialmente.  Os cilindros com ar medicinal geralmente são usados na recuperação de pacientes hospitalizados. Segundo informado pelo artista em seu site, o objetivo do trabalho era “reagir em nível molecular com os observadores, transformando suas estruturas celulares atômicas”. Ao se depararem com a instalação, algumas pessoas perguntavam o que o artista pretendia com aqueles cilindros até que percebiam o leve barulho que emanava deles, propagando o ar insípido, incolor e inodoro no ambiente. A partir de então, o público se percebia como parte da obra, principalmente quando respiravam o ar fornecido por ela.

Ao longo dessa conversa sobre “Atmosfera Artificial”, de Guilherme Cunha, você imaginou outras reflexões relacionadas ao trabalho? Compartilhe com a gente o que pensou a partir dessa obra, as questões que surgiram e as conexões feitas por você, considerando o contexto atual. Para que tenhamos acesso à sua contribuição, publique suas impressões nas redes sociais usando as hashtags #educativofcs, #criarte e também @fcs.palaciodasartes no Instagram.

Figura 2: Detalhe da instalação “Atmosfera Artificial”, Guilherme Cunha, 2013, CâmeraSete. Fonte: site do artista.

Referência:

CUNHA, Guilherme. Disponível em: ˂http://www.guilhermecunha.art.br/˃. Acesso em: abril 2021.

Sobre a autora:

Nathália Bruno é bacharel e licenciada em Artes Plásticas, especialista em Ensino de Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.