T) Tarsila do Amaral & Thereza Portes

Palavras-chave: Modernismo, liberdade e pintura.

Bora falar de arte?

“Os Ajudantes” (2015), de Sara Ramo, foi tema da nossa última publicação, produção em que ritual, natureza e habitantes irreconhecíveis são apresentados como possibilidades de imaginar formas de vida diferentes das normatizadas. Esta semana, seguiremos com a letra “T”, abrindo um espacinho e pondo na roda de conversa duas artistas, Tarsila do Amaral e Thereza Portes, para falarmos um pouquinho sobre pintura e liberdade.

Tarsila & Thereza

Neste ano comemoramos o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, também conhecida como Semana de 22, evento que foi o marco de um processo de construção do projeto da identidade nacional brasileira, idealizado por artistas, escritores, arquitetos, entre outros. Dentro desse contexto, temos Tarsila do Amaral: pintora, nascida no interior de São Paulo, com formação acadêmica em Belas Artes.

Tarsila descobre, depois da Semana de 22, que entre a estética das vanguardas e o cotidiano brasileiro poderia criar novas cores, formas e paisagens. Em contato com a realidade brasileira, a artista se permite inventar outra visualidade, traçando através da pintura e do desenho um novo contorno para a história das artes plásticas no Brasil.

Ela (re)encontra em Minas Gerais as cores de sua infância e um sentimento de afinidade. Sua pintura despojada e seus desenhos inacabados criticam as telas épicas da história nacional; abrem possibilidades para se ver as cores locais e valorizar essas realidades. Entre “azuis puros”, “rosas-violáceos”, “amarelo vivo”, ela compõe e contribui para a pintura brasileira e, junto à Oswald de Andrade, funda o germe do ideário Pau-Brasil, a Antropofagia e uma revolução autêntica para as vanguardas da América Latina. 

Sua pintura nasce fecunda de subjetividades. Esse traço de sua produção foi de extrema importância para as artes, uma vez que o aprendizado era tratado com rigor acadêmico, dificultando o ato criativo. A liberdade de se expressar e de pesquisar cores e formas para além da realidade ordinária são algumas das principais contribuições do Modernismo para as novas gerações.

E é deste lugar, do ato criativo, que trazemos para a roda a artista plástica Thereza Portes, professora de artes da Escola Guignard da Universidade Estadual de Minas Gerais e coordenadora do Instituto Undió

Entre pinturas, desenhos, escritos e colagens, Thereza vai tecendo mundos. Põe na rua uma mesa. Intervém na paisagem urbana com uma ação efêmera. Oferece um cafezinho, uma conversa, cria um espaço de encontro, troca um afeto, um carinho. Borda uma toalha em companhia de outros e outras. Faz um tecido de lembranças.

Além disso, Thereza e o Undió “pintam” diferentes realidades para Belo Horizonte, para Minas e para o Brasil. Dentro de outras camadas sociais, a arte vai acontecendo nas experiências de crianças e jovens que vivem em condição de vulnerabilidade socioeconômica. Há nesse trabalho a busca, através da arte educação, pela liberdade de expressão, por conhecimentos históricos e pelo cultivo e valorização da cultura destes alunos, despertando assim “sujeitos criativos”. A busca de um Brasil ainda no germe. Um Brasil que nasce e cresce a cada dia e se encontra na rua Padre Belchior, 280, no centro de Belo Horizonte. Thereza põe a mesa e nos convida…

Imagem: Mara Tavares¹

Na próxima publicação, nosso convite continua em aberto: Bora falar de arte? Lembre-se de acompanhar as redes sociais da Fundação Clóvis Salgado para se manter atualizado sobre a arte contemporânea!

Sobre as autoras:

Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Mara Tavares é licenciada em Letras, mestra em Artes, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

¹Imagem produzida durante a oficina de fotobordado: bordando nossas marcas do projeto @entrelinhas_corpo.