Jarbas Juarez e o processo criativo

As obras “Café” e “Nu”, respectivamente de 1977 e 1978, de autoria de Jarbas Juarez, serviram como obras âncoras da exposição virtual construída por alunos e professores da Escola de Artes Visuais (Escavi), do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado (FCS). A proposta da 8ª Mostra da Escola de Artes Visuais CHAMA: tramas do Cefart – FCS foi produzir e divulgar trabalhos inspirados nas obras de Jarbas Juarez que compõem o acervo da FCS.

Mais uma vez, a linha curatorial da 8ª Mostra CHAMA destaca obras de artistas mineiros que compõem o acervo da FCS para servir de inspiração criativa para professores e alunos da Escavi. Assim, valoriza-se a biografia de Jarbas Juarez, a produção artística do final dos anos 1970 e possibilita aos jovens críticos de artes visuais exercitarem suas tramas textuais.

Uma obra de arte é uma representação da realidade proposta pelo artista, dessa maneira um acervo de obras de artes possibilita visões múltiplas a respeito de uma sociedade, de aspectos da vida humana, da flora, da fauna ou até mesmo de questões subjetivas e intangíveis. Assim, revisitar o acervo com um olhar crítico possibilita ao pesquisador indagações sobre temas, técnicas, suportes, métodos e inspirações de uma corrente artística.

Segundo de Jarbas Juarez, sua concepção artística foi inspirada e, mesmo décadas depois, está ligada com o processo criativo de Alberto da Veiga Guignard e da Escola de Belas Artes, quando foi aluno nos anos 1950. Guignard usava as fundações do prédio em construção, o Parque Municipal Américo Renné Giannetti como laboratório de pesquisa artística e escola de artes. Jarbas Juarez menciona em algumas entrevistas a sua concepção de arte, o “prazer pelo desenho e a linha como a forma mais simples de interpretar as ideias sobre arte”, a proposta central ensinada por Guignard.

A Escola de Belas Artes, hoje Escola Guignard, foi local formador de muitos nomes destacados das artes mineira e brasileira. Por isso, a história profissional de Jarbas se liga diretamente ao espaço físico da atual FCS, antigamente denominada como Fundação Palácio das Artes. 

Formado artista e jornalista no Brasil dos anos dourados de Juscelino Kubitschek (1955-1960), inicia sua carreira profissional e, ainda nos primeiros anos, a partir de 1964, o jovem Jarbas Juarez passa a ter a sombra nefasta da ditadura civil-militar que se estabeleceu. Assim, Jarbas Juarez menciona outra frase que a princípio parece apenas estritamente metodológica, “a liberdade de expressão: onde não há liberdade não há criatividade”, contudo um olhar mais atento se percebe uma crítica política aos anos de chumbo. 

As duas obras, a princípio, não têm um grande conteúdo político, muito menos panfletário, contém um registro precioso das ideias de uma representação artística brasileira/mineira do final dos anos 1970, da abertura política dos anos finais da ditadura civil-militar.

Por fim, convido vocês às leituras dos textos dos alunos do Curso Básico de Curadoria do Cefart – FCS a respeito das obras “Café” e “Nu”.

Referência

PIRES, Alexandre [Dir]. Circuito Atelier Jarbas Juarez, [S.D], Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=aPUwgrHO0hc>, Acesso 15 de abril de 2022.

Alexandre Ventura é professor de História da Arte no Cefart – FCS, graduado em História pela UFMG e mestre em História Social pela PUC-SP.

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