Um artista atormentado

Vincent Willen van Gogh nasce em 1853 no vilarejo Zundert, na Holanda. Filho de Anna Cornelia e Theodorus van Gogh, um pastor calvinista, é o mais velho de seis filhos do casal. O caçula, Theo, seria seu melhor amigo e companheiro por toda a vida. Dos dezesseis aos vinte e três anos, van Gogh trabalha na galeria de um tio, onde entra em contato com pinturas, principalmente, de paisagens holandesas.

A religião é muito importante para o pintor que, em Amsterdã, estuda para cursos em teologia, mas não passa em nenhum. Ele trabalha como missionário em um distrito minerador de carvão na Bélgica. Considerado muito instável, a Igreja dispensa-o da missão. A partir daí ele decide se dedicar à arte matriculando-se na Escola de Belas Artes de Bruxelas, mas se irrita com a rigidez do currículo da escola, o que o leva a abandonar os estudos. Ele se muda para Haia e matricula-se em uma escola de um grupo de paisagistas, mas também não se adequa aos métodos de ensino.

Em 1881, após uma briga com o pai, van Gogh passa a ser ajudado financeiramente pelo irmão Theo. Em 1886, se junta ao irmão em Paris, que era, naquela época, a cidade efervescência das artes, e onde, pela primeira vez, van Gogh vê obras impressionistas e se apaixona por elas. É em Paris que o artista volta para si mesmo e pinta dezenas de autorretratos muito expressivos entre 1885 e 1889. Ele conhece vários artistas importantes do período e cria laços muito estreitos com Paul Gauguin, com quem mantém uma relação tumultuada. Em 1888, decide se mudar para Arles, no interior da França, já que não se adaptou ao clima frio de Paris. 

Self-Portrait with Bandaged Ear, Vincent van Gogh, 1889.

Sempre angustiado por uma mente atormentada que o levava a crises de desequilíbrio e uma constante dificuldade de convivência, é em Arles que, durante uma visita de Gauguin, os dois se desentendem e, num acesso de descontrole, van Gogh corta a própria orelha. Com dificuldade para recuperar o equilíbrio emocional, van Gogh se interna em um sanatório. Uma de suas pinturas mais famosas, A noite estrelada (1889), é uma vista pintada da janela do sanatório.

O artista sentia uma profunda tristeza e solidão e, em 1890, atirou no próprio peito, falecendo no dia seguinte, com a evolução de uma infecção. Seu irmão Theo morreu seis meses depois. Os dois trocaram muitas cartas, que foram publicadas pela viúva de Theo.

Sobre a autora:

Isa Carolina é especialista em História da Arte, mediadora cultural e professora na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.