Palavras chave: Sara Ramo, cotidiano e fantasia.
Bora falar de arte?
Na última publicação, conversamos sobre a produção da artista Rosângela Rennó, sua pesquisa com imagens e histórias que habitam os registros que nos rodeiam: álbuns de família, fotos de arquivo público, documentos e fotografias de jornais. No texto desta edição, vamos ver como o olhar para o cotidiano e os objetos que nos acompanham são apropriados e repensados pela artista Sara Ramo, construindo ligações entre a realidade e a ficção.

Sara Ramo
Filha de mãe mineira e pai espanhol, Sara Ramo nasceu em Madri, mas sempre viveu entre os dois países. Essa experiência de não pertencer a um único local a fez sentir-se estrangeira mesmo em seus dois locais de origem familiar, o que pode ter contribuído para sua percepção atenta aos detalhes cotidianos, colocando-os em sua obra com um tom de estranhamento.
Sara rearranja as coisas do mundo através de vídeos, instalações, fotografias, esculturas e colagens, dando forma à sua produção, capaz de conectar o dia a dia à fantasia e ao político.

“Os Ajudantes” (2015)
É noite na floresta, a escuridão é interrompida por três pequenas fogueiras que nos permitem ver uma movimentação inesperada: doze seres mascarados caminhando e tocando instrumentos musicais, aparecendo e desaparecendo nas sombras. Nos tornamos espectadores dessa cena fantástica apresentada no vídeo “Os Ajudantes”, de Sara Ramo. Durante quase 20 minutos, tentamos entender o que acontece naquele local envolto em mistérios. Não é evidente o que são aquelas figuras com silhuetas incomuns e vagando sem rumo. Poderíamos ser estrangeiros observando aquele acontecimento e tentando compreender seus sinais. O dia vai tomando o lugar da noite, as fogueiras perdendo força e os seres desaparecem, restando a floresta e a algazarra dos animais.
“Os Ajudantes” foi apresentado no Palácio das Artes, em exposição homônima, na Galeria Genesco Murta, no final de 2021. Sobre o vídeo, Sara disse: “‘Os Ajudantes’ é um vídeo fundamental dentro do conjunto do meu trabalho. Ele fala de relações possíveis, ambíguas e complexas. Fala de ritual, de natureza. Está nesse lugar de representação entre o humano e não humano, seres que habitam o mundo e que nem sempre conseguimos reconhecer. É um pouco uma homenagem a isso. Ele se insere no contexto atual, mostrando diferentes formas de vida e representação. Existe algo para além da sociedade construída em torno da figura de autoridade patriarcal”.
Você pode assistir “Os Ajudantes” clicando aqui.

Na próxima publicação, nosso convite continua em aberto: Bora falar de arte? Lembre-se de acompanhar as redes sociais da Fundação Clóvis Salgado para se manter atualizado sobre a arte contemporânea!
Referência:
Os Ajudantes / Videoinstalação de Sara Ramo. Disponível em: ˂https://fcs.mg.gov.br/eventos/os-ajudantes-videoinstalacao-de-sara-ramo/˃. Acesso em: 22 mar. 2022.
Sobre as autoras:
Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.
Mara Tavares é licenciada em Letras, mestra em Artes, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.