Bonecos que ganham vida!

Você já reparou que para se fazer arte é possível utilizar várias técnicas e materiais diferentes? E quando a ideia é criar uma animação com bonecos, qual deles usar? Cabem vários em uma mesma história? Confira o curta “Vida de Boneco” e descubra:

Ficha técnica: 

Filme: Vida de Boneco
Local: Goiânia, GO, Brasil
Ano: 2016
Duração: 10 minutos
Direção, roteiro, animação, produção e edição: Flávio Gomes de Oliveira

Curiosidade:

Arte produzida para falar de arte, bonecos construídos para investigar os próprios bonecos… Foi com essa intenção que o curta-metragem que você assistiu foi criado. Seu diretor, Flávio Gomes, desenvolveu uma pesquisa sobre a utilização de diferentes tipos de bonecos nas animações e, para isso, criou também os seus. É possível vê-los ao longo do filme: boneco de feltro, marionete de madeira, fantoche de espuma, animatronic (boneco-robô) e bonecos para stop-motion. 

Cada um deles é feito com materiais diferentes e possuem características, limitações e vantagens de utilização que lhes são próprias. Seus usos no mundo da arte também variam. Apesar de ser possível encontrar todos eles no cinema, como vimos no curta, uma marionete, por exemplo, é mais comum de se ver no teatro do que em uma animação, pela interferência que seus fios têm na imagem final.

Ilustração: Naiara Rocha

Para refletir:

O que move a criação? Normalmente, ela está ligada a uma pergunta, problema, inquietação, a algo que precisa ser solucionado. No caso do personagem de “Vida de Boneco”, seu incômodo era estar sempre sozinho. Isso o motivou a criar um boneco de brinquedo como companhia. O objeto estático, porém, não foi o suficiente para satisfazê-lo e, como sua necessidade continuava a existir, ele foi criando outros tipos de bonecos, cada vez mais articulados e independentes, para tentar se livrar da solidão. Mesmo dando vida à sua última criação, o ciclo se manteve, pois agora quem se sentia só era o boneco. Por mais que coisas e atividades nos distraiam, que seja importante aproveitar nossa própria companhia, ter pessoas ao nosso redor é tão legal quanto necessário, pois somos seres que vivem em sociedade, que aprendem e se alegram com as trocas e os afetos.

Uma luz que acende! Essa imagem é bem comum de se usar quando queremos comunicar que alguém teve uma ideia. Ela aparece no curta e pode até dar a impressão de que as ideias “vem do nada”, mas elas são processo: a união de várias pequenas coisinhas que se somam até que resultem nisso que parece um “estalo” dentro da nossa cabeça. Criar algo é fazer, pensar sobre o que se faz, mudar o projeto inicial, ajeitar aqui, ali, rever o que for preciso, acrescentar soluções novas. E, para cada coisa que se faz, o caminho é diferente. Veja só quantos processos de criação de bonecos variados acompanhamos durante o curta! Além de ser um processo, é um aprendizado. Nem sempre sai como imaginávamos, porque o trabalho manual tem disso: as habilidades vão se formando aos poucos, com a prática. Já criou arte hoje? 

Atividade:

Pensando nessa pergunta, convidamos você a construir o seu próprio boneco e, quem sabe, fazer uma pequena animação com ele, a partir de uma sequência de fotos. Como visto no curta, há uma infinidade de técnicas e de materiais que podem ser utilizados, mas vamos ensinar um modelo bem simples de boneco de papel articulado. As articulações do boneco têm as mesmas funções que as nossas articulações, servindo para manter as partes do esqueleto unidas ou conectadas ao mesmo tempo em que permite a movimentação do corpo. Abaixo, deixamos um modelo de base que você pode salvar, imprimir, recortar, montar e personalizar como quiser, desenhando as características e vestimentas do seu boneco, que também podem ser feitas em outro papel e coladas sobre essa base. 

Ilustração: Naiara Rocha

Para montar, recorte as partes separadamente. Em seguida, faça furos nos pontos indicados com o auxílio de um furador, de uma agulha ou de uma tesoura de ponta fina. Para essa etapa, peça ajuda de um adulto para não sofrer nenhum acidente, como acontece com o personagem do filme! Com os furos feitos, coloque as partes uma em cima da outra (na ordem indicada na imagem) e passe uma linha ou barbante entre elas. Dê alguns nós para que elas fiquem unidas, mas com folga suficiente para que possam se mexer. Você também pode se inspirar nesse modelo e criar o seu, até mesmo com mais articulações!

Ilustração: Naiara Rocha
Fotos: Naiara Rocha
Fotos: Naiara Rocha

Com seu boneco pronto, você pode tirar várias fotos dele, fazendo pequenos movimentos entre cada foto, como já explicamos na atividade da publicação “Chamando o vento!”.

Compartilhe fotos ou vídeos do seu boneco articulado com a gente! Publique em suas redes sociais usando as hashtags #cineminhaonline, #educativofcs e também @fcs.palaciodasartes no Instagram.

Referência:

GOMES DE OLIVEIRA, Flávio. Vida de boneco [manuscrito]: um filme para pensar a respeito do uso de bonecos em produções audiovisuais. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Artes Visuais (FAV), Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual, Goiânia, 2016, 198 f.: il. Disponível em: <https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/459/o/Tese_-_Fl%C3%A1vio_Gomes_de_Oliveira_-_2016.pdf>. Acesso em: abr. 2022.

Sobre as autoras:

Ana Luiza Emerich é licenciada em Artes Visuais, mestra em Artes, professora da Rede Estadual de Ensino/MG, professora e mediadora na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Naiara Rocha é bacharel e licenciada em Artes Visuais, graduada em Pedagogia, professora da Rede Municipal de Educação/BH, mediadora e professora na Escola de Artes Visuais e na Escola de Tecnologia da Cena do Cefart – FCS.