No ritmo da imagem!

O que é possível criar a partir de um ponto? E de uma linha ou de uma forma qualquer? Um mundo de possibilidades em apenas um curta-metragem. Assista “Linhas e Espirais”:

Ficha técnica

Filme: Linhas e Espirais
Local: CE, Brasil
Ano: 2009
Duração: 2 minutos
Direção: Diego Akel

Curiosidades:

O campo do cinema de animação traz várias possibilidades. Existem muitas e muitas técnicas que permitem “dar vida” às imagens. O diretor Diego Akel sabe bem disso e gosta de experimentá-las. Vimos um exemplo na publicação Recordações em imagens! quando assistimos “Saudade”, curta-metragem feito através da rotoscopia. Desta vez, Akel utilizou a “Pintura no Tempo”, técnica que o próprio diretor explica em seu blog: “Já há alguns meses tenho feito experimentos com a técnica da “Pintura no Tempo” – assim batizada pelo mestre Norman McLaren –, que consiste basicamente em se criar uma imagem e modificá-la sucessivamente frame a frame [quadro a quadro], acrescentando coisas, tirando outras, mas sempre deixando alguma referência ao frame anterior, criando uma continuidade” (AKEL, 2009).

Essas coisas retiradas e colocadas a cada imagem criada modificam também as sensações que o curta é capaz de despertar em nós. Existem alguns elementos que são considerados básicos quando pensamos em imagem, como o ponto, a linha e a cor. A forma como são utilizados e combinados faz toda a diferença no resultado final. Uma linha reta, por exemplo, pode vir acompanhada de uma sensação de “algo parado”, enquanto uma linha em espiral pode contribuir para a ideia de “movimento”. Uma cor vibrante, como o vermelho, pode se destacar bastante em uma composição, causando uma certa “agitação na imagem”, já cores como o azul costumam ser “mais tranquilas”. Em “Linhas e Espirais”, várias dessas características são utilizadas para criar uma animação bem dinâmica, que muda bastante a cada segundo. Outra coisa legal no curta é que ele parece ter sido produzido com vários materiais diferentes, como tintas, pincéis diversos, lápis, caneta, mas é um trabalho totalmente digital, em que as diferentes texturas desses materiais são simuladas pelo computador.

Ilustração: Naiara Rocha

Você prestou atenção à trilha sonora do filme? Ela é composta por sons de instrumentos de percussão. Esses sons acompanham o andamento das imagens e foram acrescentados pelo diretor depois de tê-las feito, ou seja, as imagens foram criadas primeiro e deram o ritmo para os sons, que surgiram de acordo com o movimento de cada linha. Ele explica que imaginou uma trilha “tribal” e pesquisou em várias bibliotecas de sons para selecionar os que fazem parte da trilha.

Atividade:

Imagem e som, ou o que vemos e o que ouvimos, têm muita conexão! Uma coisa pode nos levar a imaginar ou a criar a outra. No cinema isso é bem comum, pois essa é uma arte chamada de “audiovisual”, em que tanto as imagens que vemos quanto a trilha sonora que ouvimos têm sua importância, sendo pensadas em conjunto para provocar diversas sensações ou emoções.

No caso do curta que assistimos, vimos que as imagens levaram aos sons, mas também podemos experimentar o contrário! Nossa proposta é que você crie imagens a partir dos sons. Para isso, separe os materiais que irá utilizar, como papel, lápis, canetas, giz ou o que mais quiser. Encontre um ambiente confortável, coloque o curta novamente para rodar e feche os olhos. Concentre-se nos sons e, sem olhar para o papel, desenhe seguindo o ritmo da música, sem se preocupar em representar algo específico, mas como se estivesse “levando a linha para passear” – como disse o artista Paul Klee –, caminhando com o material sob o papel, deixando seu rastro, dando voltas e parando quando necessário. Depois que finalizar, abra os olhos e veja o que você criou. Você também pode testar essa atividade com outras músicas que gostar, de preferência instrumentais, em que não há ninguém cantando.

Ilustração: Naiara Rocha

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Referência:

AKEL, Diego. Linhas e Espirais: criando um experimento livre. 12 jun. 2009. Disponível em: <http://cineakel.blogspot.com/2009/06/linhas-e-espirais-criando-um.html>. Acesso em: 11 ago. 2022.

Sobre as autoras:

Ana Luiza Emerich é licenciada em Artes Visuais, mestra em Artes, professora da Rede Estadual de Ensino/MG, professora e mediadora na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Naiara Rocha é bacharel e licenciada em Artes Visuais, graduada em Pedagogia, professora da Rede Municipal de Educação/BH, mediadora e professora na Escola de Artes Visuais e na Escola de Tecnologia da Cena do Cefart – FCS.