P) Poro

Palavras-chave: coletivo de arte, intervenção urbana, efêmero, Poro.

Bora falar de arte?

Na última publicação, a letra abordada foi o “O” e apresentamos o coletivo Opavivará!. Hoje, falaremos sobre outro coletivo de artistas chamado Poro. Assim, continuamos a inventariar coisas e nomes, “Bora falar de arte”?

Poro

O Grupo Poro é um coletivo composto pela dupla de artistas: Brígida Campbell e Marcelo Terça-Nada. Eles contam que o grupo começou em 2002, quando ainda eram estudantes da Escola de Belas Artes da UFMG. A partir de um projeto de pesquisa desenvolvido no Centro Cultural da Universidade, eles iniciaram as intervenções em espaços urbanos. Desde então o coletivo vem desenvolvendo ações efêmeras, intervindo na paisagem da cidade.

As atuações do Poro, muitas vezes, são sutis diante da agitação da metrópole: uma faixa de papel cai do alto de um prédio e desenha linhas no céu, o poste de luz é transformado em um aquário com adesivos em forma de peixe, azulejos de papel colados em tapumes, um jardim de tulipas translúcidas no canteiro central da avenida… Essas intervenções costumam durar pouco tempo, às vezes alguns segundos, e afetam os passantes mais atentos. Para que as ideias dessas ações alcancem mais pessoas e seja possível perceber as camadas do tempo impressas nas intervenções efêmeras, seus registros fotográficos são fundamentais. É uma reflexão potente sobre o cotidiano urbano. 

Foto: Daniela Parampal.

Perca tempo (2010-2012)

Perca tempo” é uma ação do Poro composta por diferentes estratégias: faixas, panfletagem, banca de informações e identificação em bottons. A provocação está no próprio título “perca tempo”, que é a oposição da ideia de que “tempo é dinheiro”, nos deslocando da lógica capitalista em que vendemos nossa força de trabalho/tempo em busca da sobrevivência.

A expressão se repete em uma faixa que é aberta quando o semáforo fica vermelho e em panfletos distribuídos por pessoas portando bottons com os dizeres: “Perca tempo, pergunte-me como”. No mesmo local das ações, há uma banca de informações onde se adquirem ideias de como perder tempo. Assim, cria-se um ambiente de publicidade ostensiva que vai na contramão do consumo exagerado comumente estimulado por essas estratégias de comunicação, gerando uma situação ambígua de reflexão sobre nosso tempo presente.

10 MANEIRAS INCRÍVEIS DE PERDER TEMPO*

  1. Acompanhar o caminho das formigas
  2. Escutar música
  3. Desenhar uma laranja
  4. Fazer piquenique
  5. Caminhar pela cidade
  6. Passar horas com os amigos
  7. Observar como a luz muda durante o dia
  8. Fazer aviões ou barcos de papel
  9. Folhear livros de imagens
  10. Tomar sol

*Nota de esclarecimento: Tempo não é dinheiro. Guarde esse panfleto para ler sempre que necessário.

O Poro oferece para download os panfletos de todas as suas ações, entre no site e baixe gratuitamente.

Conheça mais sobre o coletivo no documentário “Poro – intervenções urbanas e ações efêmeras”, produzido pela Rede Jovem de Cidadania em parceria com o Poro e realização da Associação Imagem Comunitária. Assista!

Sobre as autoras:

Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Mara Tavares é licenciada em Letras, mestra em Artes, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.