V de Vestido

Palavras, linhas, tecidos, movimento. Corpo que veste, entra e vira a obra.

A arte nos convida a um encontro que abre caminhos para possibilidades, pensamentos e vivências. Para expandir nosso horizonte, estamos criando um glossário de A-Z de objetos poéticos nas artes visuais, a partir de uma curadoria de artistas e obras do contexto atual. E já estamos na letra “V”!

Bora falar de arte?

Foto: Daniela Parampal.

Na postagem anterior, conversamos sobre a letra “U” de uniforme e conhecemos a obra do artista Élcio Miazaki, que nos convida a adentrar o universo militar e pensar sobre nós e sobre como imitamos comportamentos preestabelecidos.

Hoje, vamos com a letra “V” e o objeto escolhido é o vestido.

Vestido

Os períodos da vida de uma mulher podem ser marcados pelos seus vestidos: o vestido da primeira comunhão, de debutante, de noiva. Ou, como cantou Chico Buarque: “Esperando, parada, pregada na pedra do porto / Com seu único velho vestido, cada dia mais curto”, na canção Minha História, referindo-se à gravidez, em que à medida que a barriga cresce, o vestido sobe e fica mais curto.

Vestidos são peças do vestuário humano há milhares de anos. Em nossa cultura, é praticamente de uso exclusivo das mulheres, sendo símbolo de feminilidade e delicadeza. Entretanto, não existe nada que impeça outros gêneros de usá-lo.

Já reparou que nas plaquinhas do banheiro há uma sinalização, que costuma ser ilustrada por bonequinhos de calça ou vestido para se referirem, respectivamente, ao homem e à mulher? Será que uma peça de roupa nos define?

Foto: Daniela Parampal.

Julia Panadés

Linhas, agulhas, lápis, papéis, tecidos, sementes, aquarela: esses são alguns elementos que dão forma à pesquisa da artista Julia Panadés. Seu trabalho se localiza nas diversas fronteiras entre o desenho e a palavra. Construindo textos nos mais distintos suportes, a palavra escrita se espalha e convida o espectador a se movimentar para descobrir os mistérios em cada poema sobre pedaços de pano – uma palavra por vez, passando as páginas do tecido.

Em 2019, Julia participou da exposição Híbrida, que aconteceu no Palácio das Artes durante o programa ArteMinasNarrativas Femininas: eu sou aquilo que não foi ainda. Suas obras dividiram espaço com produções de outras duas artistas: Carolina Botura e Giulia Puntel. Em comum, essas três artistas apresentam o interesse pelo corpo humano, as identidades de gêneros e as diversas formas de representação.

Foto: Daniela Parampal.

Cartilha da Cura (2019)

Cartilha da Cura, obra apresentada na exposição citada, faz parte de uma série de trabalhos desenvolvidos por Julia desde 2006, em que ela constrói vestidos de tecidos bordados. Nessa obra, o vestido tem sua barra alongada e se torna uma tenda, na qual o visitante pode adentrar e habitar esse espaço. No interior, há uma lâmpada que conforta e possibilita a leitura de poemas criados e bordados pela própria artista.

Na grande fenda que faz a abertura dessa tenda, é possível ler uma frase de Ana Cristina Cesar, do poema que empresta título à obra: “Cartilha da cura: as mulheres e as crianças são as primeiras que desistem de afundar navios”.

Foto: Daniela Parampal.

Você conhece algum outro artista que também usou o vestido em suas obras? Pensou em outro objeto com a letra “V”? Conte para nós por meio das mídias sociais, usando as hashtags #borafalardearte e #educativofcs, além do @fcs.palaciodasartes no Instagram.

Na próxima publicação, vamos conversar sobre um objeto com a letra “X” e refletir sobre nossa relação com ele, além de conhecer uma artista que trabalha com esse objeto. O nosso convite continua aberto, bora falar de arte? Lembre-se de acompanhar as mídias sociais da Fundação Clóvis Salgado para se manter atualizado sobre a arte contemporânea!

Para curiosos:

Conheça mais sobre Julia Panadés: Entrevista com Julia Panadés – Estratégias Narrativas

Leia o conteúdo anterior: Bora falar de arte? U de Uniforme

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Foto: Daniela Parampal.

Sobre as autoras:

Clarissa d’Errico é técnica em Comunicação Visual, bacharel e licenciada em Artes Visuais e professora na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.