Y) Yhuri Cruz

Palavras-chave: afrodiáspora, Anastácia Livre, performance.

Bora falar de arte?

A cada edição do “Bora falar de arte?” conhecemos um novo artista ou coletivo, suas questões e um pouco do seu processo de criação. Assim vamos alongando nosso inventário do mundo das artes, ampliando o olhar para as coisas que nos tocam. Na última publicação apresentamos o Coletivo Xepa, com suas ações, performances e desenhos. E seguimos o caminho chegando na penúltima letra, o Y.

Yhuri Cruz

O artista visual e escritor Yhuri Cruz nos convida a uma série de questionamentos ao colocar o público diante de imagens que permitem aberturas ao corpo negro, à negritude. Essas imagens surgem em cenas, performances, instalações, textos, objetos e o que mais for necessário para que ele possa se expressar. Os trabalhos se iniciam pela escrita… Para Yhuri, essa é a melhor maneira de imaginar sem precisar materializar, o que possibilita maneiras ilimitadas de viver e sentir.

Além de cenas e performances, Yhuri também cria obras como a “Monumento à presença” (2018) e a Monumento à voz de Anastácia” (2019). Ele opera na lógica reversa daquilo que comumente conhecemos como monumentos, obras grandiosas ou edificações imponentes.

Monumento à voz de Anastácia (2019)

Ou “Anastácia Livre”. Anastácia é um símbolo histórico cuja imagem está em vários livros didáticos, porém poucos conhecem sua história.

Como fazer para que uma imagem sobreviva na história? Porém, como fazer isso narrando outra história para essa imagem? Ou melhor ainda, como fissurar uma ficção histórica que circunscreve e busca sedimentar as mesmas imagens submissas? No programa Potências Negras 24, Yhuri relata sua relação com o processo artístico, a produção da obra “Anastácia livre” e questões do futuro a partir de uma ancestralidade.  

Dentro de seu processo criativo, a imagem de Anastácia passa por uma “re-historização” a partir da arte. Nesse processo, o artista insere no universo das imagens a figura de Anastácia sem a mordaça, deixando assim que sua boca seja vista pela primeira vez e com isso promovendo outra visualidade para as memórias vindouras.

Foto: Daniela Parampal

Na próxima publicação, nosso convite continua em aberto: Bora falar de arte? Lembre-se de acompanhar as redes sociais da Fundação Clóvis Salgado para se manter atualizado sobre a arte contemporânea!

Sobre as autoras:

Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Mara Tavares é licenciada em Letras, mestra em Artes, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.