Z de Zíper

A arte nos convida a um encontro que abre possibilidades, pensamentos e vivências. Para expandir nosso horizonte, criamos um glossário de A-Z de objetos poéticos nas artes visuais, a partir de uma curadoria de artistas e obras no contexto atual. Estamos na última letra, o Z.

Bora falar de arte?

Ilustração: Daniela Parampal

Na postagem anterior, conversamos sobre a letra “X” de xícara e conhecemos a obra do artista Nino Cais.

Hoje vamos com a letra “Z” e o objeto escolhido é o zíper.   

Zíper

Uma solução rápida para vestir roupas, fechar bolsas e mochilas, calçar botas, em um movimento único que une ou separa duas partes, geralmente tecidos. Um objeto prático e produzido em escala industrial, em oposição ao botão rústico de madeira ou aos cadarços e às fitas. Será possível usar esse objeto corriqueiro para criar obras de arte?

Nelson Leirner

Nelson Leirner é um artista brasileiro e professor de arte. Faleceu há cerca de um ano da escrita desta publicação. Sua pesquisa artística e sua postura como docente eram de um questionador e um crítico sobre as estruturas da arte. Problematizou a escolha de obras expostas, criou trabalhos com objetos banais – como figurinhas adesivas e bonecos – e, assim, colocou em questão a arte e sua forma de ser comercializada.

Ilustração: Daniela Parampal

Homenagem a Fontana (1967)

Em 1967, Leirner apresentou a obra Homenagem a Fontana em duas versões, durante sua exposição Da Produção em Massa de uma Pintura.

Homenagem a Fontana I é um painel retangular de 1,80 x 1,25 m de lona vermelha, com um zíper na diagonal, da esquerda para a direita. Quando aberto, faz-se uma fenda na lona que lembra uma ferida e revela uma outra lona amarela por baixo.

Já a obra Homenagem a Fontana II é um painel retangular de 1,80 x 1,25 m de lona vermelha, com um zíper na horizontal, cortando ao centro. Ao abrir o zíper, revela outra camada de lona colorida (vermelho, rosa e amarelo) por baixo, permitindo, assim, com que se veja mais uma camada de lona e um zíper. E esse, ao ser aberto, repetindo o gesto de corte, mostra uma outra camada mais interna, uma lona laranja.

Ilustração: Daniela Parampal

Fontana, que dá título à Homenagem a Fontana, é uma referência ao artista ítalo-argentino Lúcio Fontana (1899-1968) e às telas monocromáticas que ele rasgava com um estilete, formando cortes abertos, I Tagli – Slashes. A ação de rasgar a tela é simbólica, uma provocação ao status da pintura e à ideia da tela como uma janela para outro mundo. O corte revela o fim do caráter ilusório da pintura.

Você conhece algum outro artista que também usou um zíper como obra? Pensou em outro objeto com a letra “Z”? Conte para nós por meio das mídias sociais, usando as hashtags #borafalardearte e #educativofcs.

Na próxima publicação, o nosso convite continua aberto, bora falar de arte? Lembre-se de acompanhar as mídias sociais da Fundação Clóvis Salgado para se manter atualizado sobre a arte contemporânea!

Para curiosos:

Saiba mais sobre Homenagem a Fontana.

Leia o conteúdo anterior, Bora falar de arte? X de Xícara.

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Ilustração: Daniela Parampal

Sobre as autoras:

Clarissa d’Errico é técnica em Comunicação Visual, bacharel e licenciada em Artes Visuais e professora na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.