INGRESSO

Bilheteria do Palácio das Artes

Segunda a sábado 12h às 21h

Domingo 17h às 20h

Lei de Meia Entrada

Quem tem direito:

Estudantes

Idosos

Pessoas com deficiência

Jovens de 15 a 29 anos comprovadamente carentes

Para saber as condições que dão direito à meia-entrada acesse o texto na íntegra.

A mostra “Quando eu sou o outro: duplos, espelhos e imitações” propõe uma jornada cinematográfica por narrativas que exploram o conceito do “duplo” — essa figura que reflete, assombra e tensiona os limites entre o Eu e o Outro. Presente desde a literatura do século XVIII até o cinema contemporâneo, o “duplo” ganha formas diversas: gêmeos contrastantes, espelhos simbólicos, sósias monstruosos, versões envelhecidas de si mesmo, personagens que incorporam outras identidades ou são tomados por suas próprias representações.

A curadoria reúne obras que tratam do desdobramento identitário e da ambiguidade, atravessando gêneros como o drama psicológico, a ficção científica, o suspense, o terror e a comédia. A mostra destaca como o cinema — desde os truques pioneiros de Georges Méliès até os recursos sofisticados da tecnologia atual — tem sido campo fértil para essas investigações visuais e emocionais sobre duplicidade, identidade, reflexo e metamorfose.

Curadoria especial de: Curadoria: Luiz Fernando Coutinho
A mostra conta com curadoria especial de Luiz Fernando Coutinho, pesquisador e crítico de cinema.

Bacharel em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som da UFSCar.

Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Atua com foco em história, teoria e análise fílmica.

É editor da Revista Madonna, escreve para a Revista Descompasso e para a LIMITE – Revista de ensaios e crítica de arte, além de ser tradutor e redator do blog Vestido sem Costura.

Desde 2022, integra a curadoria do FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte.

No século XVIII, Jean-Paul Richter chamou de “doppelgänger” aquele que “caminha ao lado”, isto é, aquele que funciona como um sósia infernal ou fantasmagórico que desestabiliza as fronteiras que separam o Eu do Outro. Na literatura, o tema do “duplo” aparece em escritores tão diversos como E.T.A Hoffmann, Fiódor Dostoiévski, Machado de Assis, Oscar Wilde, Jorge Luis Borges, Murilo Rubião e Robert Louis Stevenson – este último autor do famoso “O Médico e o Monstro”, no qual o honorável Dr. Henry Jekyll se desdobra, por meio de uma poção, em um sósia cruel e violento chamado Edward Hyde. Para Simone de Beauvoir, o duplo é um personagem ambíguo, que geralmente “assassina aquele de quem emana, como se vê nos contos de Poe ou no Retrato de Dorian Gray

O cinema está atento ao tema do “duplo” desde seus primórdios, quando as prestidigitações de Georges Méliès duplicavam sua figura nos pequenos filmes que o cineasta e ator realizava em seu estúdio. Ainda na primeira metade do século XX, o “duplo” atravessa a comédia burlesca, o expressionismo alemão, os filmes policiais, os dramas psicológicos e até mesmo as animações de Walt Disney. Um mesmo ator interpretado dois ou mais papéis é figura recorrente, em filmes que constroem trucagens capazes de fazer com que este ator contracene consigo mesmo na ficção.

Por outro lado, a noção de “duplo” pode ser entendida como uma categoria ampla que abarca um universo inteiro de ramificações: espelhos que duplicam, sombras que perseguem, cópias que roubam identidades alheias, imitações performadas, alianças construídas, ressonâncias que ecoam, amizades que se refletem, mães que assombram suas filhas, duplos envelhecidos ou mais jovens que vêm nos lembrar que o tempo é implacável…

Os filmes desta mostra foram escolhidos pensando neste universo de ramificações que é aberto pelo conceito de “duplo”. Na curadoria encontramos filmes sobre gêmeos com personalidades diferentes, policiais cujos duplos se tornam os criminosos que eles investigam, atrizes de meia-idade assombradas pelas suas versões mais jovens, personagens em fuga que adotam diferentes identidades, filhas que se debatem contra a influência de suas mães, atores que sentem borrar as fronteiras que os separam de seus personagens, alienígenas que tomam a forma de humanos, realidades paralelas, personagens que reencarnam em crianças misteriosas, personalidades que se confundem, sósias monstruosos, entre outros.

Queremos, com esta mostra, lançar luz sobre as diferentes formas encontradas pelo cinema para figurar o tema do “duplo” – este Outro que nos reflete e nos assombra.
Por Luiz Coutinho

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