Curso Básico de Expografia

10ª Mostra da Escola de Artes Visuais CHAMA: Retratos, Identidades e Reflexões  – Cefart/FCS

O projeto expográfico da 10ª CHAMA: Retratos, Identidades e Reflexões foi pensado a partir do posicionamento da obra do artista paraense homenageado, Éder Oliveira. A obra “Sem título”, de 2017, já trazia o primeiro desafio para o projeto: o posicionamento adequado na Pequena Galeria Pedro Moraleida, do Palácio das Artes. Essa galeria é uma “galeria vitrine”, que pode ser contemplada a partir dos jardins internos do equipamento. A obra, com dimensões de 3,26 x 6,24 m, era considerada bem grande para o espaço expositivo, cujo grid de iluminação concede altura máxima de 3,28 m. Os estudantes do curso de Expografia não só aceitaram o desafio como propuseram, no projeto, um posicionamento inovador – trazer a obra para o pano de vidro. A obra ficou voltada para dentro da galeria, suspensa por cabos de aço, próxima à parede de vidro, e, como medida de proteção, ganhou uma cópia em plotagem vinílica nas mesmas dimensões, para ser fixada nos vidros, protegendo-a, inclusive, da incidência de luz em seu verso. Assim, vista de fora, o visitante não sabe se está vendo a própria obra ou a imagem digital dela.

A partir do estudo cromático da obra de Éder, foi escolhida uma paleta de cores que tem como referência os diversos tons de pele humanos. Esta paleta será usada na pintura das paredes. Optou-se por utilizar tons claros, como base, e medianos, para criar um efeito degradê no espaço expositivo. A cor da parede central, em frente à grande pintura, na cor preta, permite ao visitante um lugar de imersão na observação, como uma câmara escura de fotografia. Os tons neutros de bege e marrom conectam também a multiplicidade de técnicas dos demais trabalhos expostos. As legendas das obras foram pensadas em impressão sobre acrílico transparente, com letras na cor preta, de modo a manter uma neutralidade, que converse com a diversidade cromática global da exposição. Essa proposta das cores para a Expografia foi considerada pelos estudantes bastante interessante, porque dialoga com a narrativa do pintor, que sempre levanta questões sociais e políticas, se valendo das cores terrosas, vibrantes e quentes em diversas telas, que compõem uma de suas séries, retratando os paraenses. Assim, ao adentrar a pequena galeria, essa “contaminação” através da cor de pele continua, devido à cartela de tonalidades definida para as paredes. A adoção dessa proposta, inclusive, dialogou com a proposta dos estudantes do curso de Produção, na criação da identidade visual da Mostra.

Em seguida, os estudantes se dedicaram a uma série de ideias de setorização das obras, levando em conta cores, técnicas empregadas e temas. Além disso, pensaram na criação do espaço de contemplação e uso de mobiliário. Um novo desafio se apresentou: integrar a obra do artista homenageado, Éder Oliveira, às obras dos estudantes/artistas da Escola de Artes Visuais do Cefart. Estratégias foram tomadas para valorizar todas as artes presentes. As 16 obras foram, portanto, sendo setorizadas em duas paredes, ladeando a obra principal, observando formatos, temas e sugestões apresentadas pelos estudantes de Curadoria. Assim, a proposta da Expografia reforça a conexão entre a obra principal e as demais, organizadas em conjuntos, que se conectam através de suas cores, formas e naturezas. Foi necessário posicionar as obras em ordem de tamanho, do menor para o maior, de maneira que o olhar do visitante fosse direcionado para o conjunto, e também respeitar a unidade e singularidade de cada obra presente na Exposição. Um banco foi proposto em frente à obra do artista homenageado, Éder Oliveira, para trazer conforto ao visitante em seu momento de observação.

O conceito de “identidades” foi representado pela proposição do painel de espelhos, criado na última parede, ao fundo da galeria. Perpendicular a ela, uma nuvem de palavras adesivadas, uma abordagem contemporânea das palavras-chave, fecham o espaço. A ideia é que, após caminhar pelas obras, o observador também se identifique a si mesmo, como um personagem desta narrativa, que nos remete a um grande álbum de fotografias, que se folheia, trazendo reflexões sobre o tempo, nossas memórias e recordações. Será uma experiência marcante para todo o público.