34ª BIENAL DE SÃO PAULO – FAZ ESCURO MAS EU CANTO

06/07/22 - 25/09/22

Palácio das Artes

Obra de Arjan Martins durante a 34a Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

 

A Fundação Clóvis Salgado recebe, a partir do dia 6 de julho de 2022 (quarta-feira), a exposição itinerante da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto. A mostra ocupa todas as galerias do Palácio das Artes – Grande Galeria Alberto de Veiga Guignard, Galeria Genesco Murta, Galeria Arlinda Correa Lima, PQNA Galeria Pedro Moraleida e Espaço Mari’Stella Tristão – até o dia 25 de setembro de 2022 (domingo). A exposição foi viabilizada através de parceria da a Fundação Clóvis Salgado, por meio da APPA – Arte e Cultura, e a Fundação Bienal de São Paulo.

 

Para 2022, as mostras foram pensadas a partir de enunciados, que são eixos temáticos ou objetos que reúnem obras e artistas, estimulando o público a refletir sobre os assuntos apresentados. O recorte da mostra no Palácio das Artes é organizado a partir de três enunciados: O sino de Ouro Preto; Os retratos de Frederick Douglass; e A ronda da morte de Hélio Oiticica. As exposições contam com trabalhos dos seguintes artistas: Ana Adamovic, Andrea Fraser, Anna-Bella Papp, Arjan Martins, Clara Ianni, Daiara Tukano, Daniel de Paula, Eleonore Koch, Jaider Esbell, Lothar Baumgarten, Lydia Ourahmane, Neo Muyanga, Nina Beier, Noa Eshkol, Paulo Kapela, Regina Silveira, Sebastián Calfuqueo e Tony Cokes.

 

Formação educativa – No dia 4 de julho (segunda-feira), às 19h, na Sala Juvenal Dias, os assessores de mediação Danilo Pera e Renato Lopes conduzem uma palestra que propõe a apresentação de Primeiros ensaios – publicação educativa da 34ª Bienal. Estruturada como uma tradução de uma das operações curatoriais da mostra, a publicação consiste em dispor os trabalhos dos artistas em relação com objetos não necessariamente pertencentes ao campo das artes visuais, mas carregados de histórias e simbologias. O encontro é aberto ao público e busca conhecer melhor as expectativas, impressões e opiniões sobre a exposição. A entrada é gratuita.

 

Abertura | Performance (In)tensões – No dia 5 de julho (terça-feira), às 19h30, a Cia de Dança Palácio das Artes apresenta a performance “(In)tenções” no Hall de Entrada e na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, marcando a abertura da itinerância da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto em Belo Horizonte.

 

A performance (In)tensões, da Cia. de Dança Palácio das Artes, foi criada de forma coletiva pelos bailarinos em 2019. No espetáculo, as mulheres da Cia. de Dança dirigem o elenco masculino, e a intervenção, que já foi realizada nos formatos presencial e virtual, revisita cenas de alguns espetáculos que integram o repertório da companhia. Como em um jogo, a coreografia instiga outros modos de trabalhar, experimentar e criar em dança.

 

A Itinerância da 34ª Bienal de São Paulo é realizada pelo  Ministério do TurismoGoverno de Minas GeraisSecretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e pela Fundação Clóvis Salgado, e é correalizada pela APPA – Arte e Cultura. Tem como apresentadora o Instituto Cultural Vale, e como patrocinadores ArcellorMittalAngloGold AshantiInstituto Unimed-BH¹ e Usiminas, além do patrocínio da Vivo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

 

¹O patrocínio do Instituto Unimed-BH é viabilizado pelo incentivo de mais de cinco mil médicos cooperados e colaboradores.

 

A Fundação Clóvis Salgado é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e de cultura em transversalidade com o turismo.

 

Paulo Kapela Sem título, 2010 Coleção: Nuno Pimentel

 

 

Sobre o enunciado “O sino de Ouro Preto” – A Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos, mais conhecida como Capela do Padre Faria, é uma pequena igreja localizada em Ouro Preto (Minas Gerais), cujo campanário carrega um sino de bronze, fundido na Alemanha em 1750. Conta-se que, em 21 de abril de 1792, esse sino foi o único da colônia a ecoar, em aberta desobediência à ordem oficial que proibia homenagens ao inimigo da coroa, um toque de lamento pela execução de Tiradentes, único participante da Inconfidência Mineira que não teve revogada sua sentença de morte. Com a independência do Brasil e a proclamação da República, o mártir mineiro foi declarado herói nacional, e o sino que o homenageou passou a ser considerado um símbolo da luta pela soberania do país, a tal ponto que em 1960, noutro 21 de abril, foi levado a Brasília, içado ao lado de uma réplica da cruz usada na primeira missa realizada no Brasil e tocado para a inauguração da nova capital.

 

 

 

 

Na 34ª Bienal, o enunciado levanta perguntas como: o que quer dizer, hoje, voltar a olhar para esse sino tão fortemente marcado pela história do período colonial, sentir o tempo que continua se sedimentando sobre ele? Que ecos do Brasil e do mundo chegam, hoje, até a antiga Vila Rica e reverberam no bronze desse sino?

 

Lydia Ourahmane In the Absence of our Mothers, 2018 Instalação: X-Ray Scan, texto, dente de ouro Comissionada e produzida por Chisenhale Gallery, Londres


Sobre o enunciado “Os retratos de Frederick Douglass” –
Frederick Augustus Washington Bailey nasceu em Talbot County, Maryland (EUA), em fevereiro de 1817 (ou de 1818, segundo algumas fontes), filho de uma mãe negra escravizada e de um pai, provavelmente branco, que nunca o reconheceu. Em 1838, após algumas tentativas frustradas, conseguiu fugir para Nova York, onde a prática da escravidão havia sido abolida em 1827, mas a sensação de insegurança causada pela espreita constante de “sequestradores legalizados” de fugitivos fez com que logo se mudasse para New Bedford (Massachusetts), onde adotou o sobrenome Douglass.

 

 

Homem público, jornalista, escritor, orador e um dos principais líderes do movimento abolicionista nos EUA, é considerado o estadunidense mais fotografado do século 19. Em 1841, Douglass encomendou seu primeiro retrato fotográfico. Ele tinha plena consciência de que sua imagem de homem negro livre poderia ter grande amplitude na luta contra a escravidão e percebeu, de modo pioneiro, que a circulação massiva que o meio fotográfico permitia seria importante no suporte à luta antirracista e contra as práticas segregacionistas do pós-abolição. Como resultado de sua busca por difundir uma imagem positiva e não estereotipada de pessoas negras, seus retratos entraram no fluxo de circulação dos jornais, assim como em espaços privados de todo o país, e até hoje circulam pelo mundo como símbolo de justiça e resistência.

 

Obras da Série Dilatáveis de Regina Silveira durante a 34a Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Sobre o enunciado “A ronda da morte de Hélio Oiticica” – Hélio Oiticica viveu em Nova York durante os anos documentados como os mais violentos do regime militar, aqueles que sucederam o Ato Institucional Nº 5 (AI-5) de dezembro de 1968. De volta ao Brasil em 1978, percebeu que já não poderia encontrar muitos dos amigos que havia feito em meados da década de 1960 no samba e nas favelas do Rio, atribuindo essas ausências ao aniquilamento sistemático de uma parcela da população por parte do Estado. No ano seguinte, abalado pela brutal execução de mais um de seus amigos, escreveu uma carta em que descrevia um “parangolé-área” chamado A ronda da morte. No formato de uma tenda de circo negra, teria luzes estroboscópicas e música tocando em seu interior, um ambiente convidativo para que as pessoas pudessem entrar e dançar. Enquanto a festividade se desenrolasse no seu interior, o perímetro da tenda seria cercado por homens a cavalo, que dariam voltas em torno dessa área emulando uma ronda.

 

A obra, que nunca foi realizada, seria apresentada pela primeira vez na programação da 34ª Bienal que teria acontecido em 2020 mas foi impossibilitada devido à pandemia. No entanto, A ronda da morte, representada por documentos de arquivo, foi incorporada como um enunciado, dialogando com obras que já haviam sido exibidas em Bienais passadas – pois o presente mobiliza a oportunidade de revisitar o seu sentido original, ou mesmo de reelaborá-lo – bem como ao lado de trabalhos que tematizam situações de violência de Estado e tensionam o limite entre passado e presente e a ideia de repetição na história.

 

Obra A Maze in Grace de Neo Muyanga durante a 34a Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

 

Sobre o Programa de mostras itinerantes da Bienal de São Paulo – O Programa de mostras itinerantes da Bienal de São Paulo é uma iniciativa que chega em 2022 à sua sexta edição. A itinerância da 33ª Bienal, em 2019, percorreu oito cidades, sendo uma no exterior, e recebeu um público de mais de 170 mil visitantes.

 

“O programa aposta na arte e no seu impacto positivo no campo da educação e da cidadania. Parcerias com as instituições em cada local permitem a difusão do trabalho para além do circuito artístico da cidade de São Paulo, chegando a outros olhares e novas sensibilidades. Além das exposições, a iniciativa inclui ações educativas e de difusão, estando alinhada à missão da Fundação de integrar cultura e educação à vida cotidiana”, afirma José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal.

 

Pela iniciativa, além de São Luís (MA), Campinas (SP), São José do Rio Preto (SP), Campos do Jordão (SP) e Belo Horizonte (BH), outras cidades brasileiras e do exterior estão previstas para receber recortes da 34ª Bienal este ano: Brasília (DF), Belém (PA), Fortaleza (CE) e Santiago (Chile).

 

Informações

Local

Palácio das Artes

Horário

Terça a sábado, das 9h30 às 21h, e aos domingos, das 17h às 21h

Informações para o público

3236-7400