4º Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais

23/03/24 - 02/06/24

Galeria Mari'Stella Tristão, Galeria Genesco Murta e Galeria Arlinda Corrêa Lima

 

Foto: Divulgação

Pinturas e esculturas de cores fortes que evocam amizade, afeto, juventude e, principalmente, a representatividade para ser e existir no mundo; um projeto multimídia que reflete o afrosurrealismo a partir da negação da gravidade; e uma instalação que ecoa a profecia escatológica do “fim último de todas as coisas” e o abandono das certezas, iluminando de forma inconstante quem a contempla. Propostas tão diferentes e autorais, quanto universais em seus questionamentos, e que trazem, às galerias do Palácio das Artes, a ousadia e a diversidade da arte emergente na contemporaneidade brasileira. Juliana de Oliveira, Marcus Deusdedit e Rubens Pileggi, selecionados pelo 4º Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais, inauguram, em março, três exposições individuais no complexo cultural. As mostras abrirão para o público às 19h do dia 22/3 (sexta-feira), e o período expositivo irá de 23/3 (sábado) a 2/6 (domingo). As galerias do Palácio das Artes ficam abertas de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e nos domingos de 17h às 21h, com entrada sempre gratuita.

Juliana de Oliveira, artista plástica e escultora belo-horizontina, ocupará a Galeria Arlinda Corrêa Lima com a exposição “Eu, meus Amigos e o Mundo”. Já a Galeria Genesco Murta abriga a mostra “[-10m/s²] ou teoria da flutuação”, do artista visual, designer e arquiteto Marcus Deusdedit, também de BH. “Marcos 13, 13:24”, por sua vez, apresenta o trabalho do artista, performer e professor universitário paranaense Rubens Pileggi na Galeria Mari’Stella Tristão. Uiara Azevedo, Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, destaca a abertura do Prêmio Décio Noviello para uma multiplicidade de sujeitos e experimentações no campo artístico. “Neste ano, por exemplo, temos artistas de diversas trajetórias e identidades, trabalhando temáticas muito pessoais tanto a partir de pinturas e esculturas em materiais tradicionais quanto em instalações, projetos multimídia e site-specific, que são obras criadas de acordo com o ambiente e um espaço determinado. Então é motivo de celebração para a Fundação Clóvis Salgado receber em nossas galerias trabalhos tão plurais e que concretizam o Prêmio Décio Noviello, essa iniciativa de fomento artístico que é referência nacional”, comemora Uiara.

O Ministério da Cultura, o Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam as exposições do “4º Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais”. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm Patrocínio Master da Cemig e do Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Arte e Cultura. Governo Federal, Brasil. União e Reconstrução.

“Eu, meus Amigos e o Mundo” – Com nuances do expressionismo, Juliana de Oliveira concebe diversas formas de enxergar a si mesma e ao outro, e reflete também sobre como esse olhar para a alteridade a conecta com sua própria história enquanto pessoa periférica, evidenciando a identidade da juventude em cores fortes, pinceladas rápidas e marcadas, além dos trocadilhos com marcas de roupas e tênis. Também está presente a sutileza e a melancolia dessa fase da vida, compondo uma sensível rede de apoio e afeto. Nas pinturas de Juliana, a construção do mundo gira em torno de um espaço fechado que rodeia os personagens, de modo que a representação de um lugar seguro e íntimo com sofás, cadeiras, almofadas, celulares e quadros cria um ambiente cotidiano e tranquilo. “A exposição ‘Eu, meus amigos e o mundo’ transmite uma mensagem positiva sobre e para a juventude periférica, e será um grande marco em minha carreira, por ser a exposição individual mais importante que já realizei. Sinto que estou quebrando os estigmas que foram impostos sobre os nossos corpos e dando novas e boas perspectivas para os jovens periféricos, negros, pardos, e LGBTQIA+”, enfatiza Juliana.

São quase 50 obras divididas em cinco séries: “Autorretrato” é composta por pinturas nas quais a artista faz o exercício de se enxergar a partir de representações múltiplas; “Amigos e o Mundo” reúne obras em que Juliana representa a sua vivência, seus amigos e o mundo que os cercam, destacando identidades culturais através das roupas, cabelos e elementos religiosos; “Colors” é uma série que combina tanto retratos quanto autorretratos nos quais sempre há a presença de uma faixa de cores, ora por cima dos olhos, ora em outras partes do quadro, evidenciando as violências e a retirada da humanidade de jovens negros e/ou periféricos, mas também esses corpos em espaços de conforto e coletividade; já a série “Ori” possui pinturas que têm foco na cabeça e nos cabelos das pessoas retratadas, com a presença de tranças, dreads, penteados, cores e cortes, ressaltando uma herança multicultural e de resistência trazida dos países africanos; por fim, a série de esculturas “O que você leva na bolsa?” é constituída por obras que trazem artigos do quotidiano, como moedas, isqueiros, óculos, preservativos, entre outros, propondo indagações sobre a relação de gosto, afeto e lazer da juventude com os objetos do dia a dia.

“[-10m/s²] ou teoria da flutuação” – A proposta do artista Marcus Deusdedit é inédita e apresenta três obras e uma instalação site-specific composta por dois trabalhos que dialogam entre si. Na entrada da Galeria Genesco Murta estará presente o trabalho “autorretrato #10”, impressão em papel fotográfico que sintetiza a proposta artística da exposição. Já o interior do espaço estará dividido em dois ambientes. No primeiro, as obras “teoria da flutuação”, um texto apresentado em formato de vídeo-projeção e áudio, e “re-batismo”, objeto multimídia no qual um crucifixo imerso em uma banheira de ferrofluido responderá com movimento à vibração de três alto-falantes posicionados em contato com a banheira. Já a segunda sala abrigará a instalação site-specific intitulada “Testemunho”, composta por uma série de bancos dispostos em duas fileiras, uma vídeo-projeção filmada no próprio espaço (produzida juntamente com o conteúdo de áudio) e um sistema de som sob a forma de uma cruz. O conteúdo do vídeo, projetado em sincronia com a música, parecerá responder ao aumento progressivo da frequência do som.

Reforçando os temas recorrentes de suas pesquisas, o trabalho apresentado por Marcus Deusdedit na Galeria Genesco Murta manifesta, através da escala arquitetônica e de diferentes linguagens, o potencial deslocamento/distorção da sacralidade e os ruídos da experiência negra. Se o afrosurrealismo têm encontrado manifestações estéticas na escultura, música, produção audiovisual, literatura e pintura, a intenção do artista é espacializar estes ruídos e, mais importante, as composições que podem surgir deles. “Estou bastante empolgado com a exposição e satisfeito de ter sido selecionado pelo Prêmio Décio Noviello com esse projeto tão desafiador, que eu também considero ousado, já que todas as obras são produzidas especificamente para a exposição. O meu trabalho não segue formatos muito convencionais, então é bom estar ocupando este lugar institucional, sendo acolhido por lugares que compram essa aposta, de investir a premiação em um artista jovem e se abrir a essas linguagens menos tradicionais. A minha exposição lida muito com essas condições, do jovem artista e do trabalhador da cultura no Brasil, que sempre exigem um salto de fé”, ressalta Deusdedit.

“Marcos 13, 13:24” – A instalação visual/sonora de Rubens Pileggi, artista paranaense residente em Goiânia, opera na crítica à clareza iluminista e à filosofia determinista e racional. O título que dá origem ao trabalho vem de um versículo bíblico apocalíptico presente no Novo Testamento. Tecnicamente, a obra é composta por 7 braços de poste, com lâmpadas incandescentes que ficam suspensas a uma altura mínima de 2 metros e meio. Fios de eletricidade, microcontroladores e um sensor de presença compõem um mecanismo programado para aumentar ou diminuir a tensão das lâmpadas, acendendo-as e apagando-as. O resultado é uma coreografia de luzes tremeluzentes que ganham mais dramaticidade por meio de um player de áudio que, quando acionado, produz um som representativo do efeito de um curto-circuito e cria, assim, uma atmosfera ainda mais misteriosa.

A partir de um processo repleto de variáveis e que só se concretiza no local de sua exibição, a medida que Rubens Pileggi propõe é a da assimetria, da precariedade e do caos. “’Marcos 13, 13:24’ nasce de uma experiência cotidiana. No bairro onde eu moro, em Goiânia, as lâmpadas dos postes costumam entrar em curto circuito, criando campos visuais instáveis no meio do caminho para a minha casa. De noite, sozinho, caminhando, é como vivenciar um filme ou um sonho, onde o campo de luz muda o sentido de uma cena. Entre lá e cá, o fora e o dentro, eu trago, para o importante espaço do Palácio das Artes, minha síntese indeterminada em forma de instalação de arte e jogo de luzes e sombras. Graças à oportunidade dada pelo Prêmio Décio Noviello, será possível introduzir os acontecimentos da rua na galeria de arte e mostrar em Belo Horizonte esse trabalho, que propõe um jogo perceptivo em que o instável e o enigmático estão organizados para se referirem ao caos”, provoca o artista.

 

Para agendar visitas mediadas, envie um e-mail para:  agendamento.educativofcs@appa.art.br

 

Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais – Hoje nomeado em homenagem ao pintor, gravador, desenhista, cenógrafo, figurinista carnavalesco e professor mineiro Décio de Paiva Noviello, o Edital de Ocupação de Artes Visuais da FCS é realizado desde 2008. Com evoluções no formato ao longo das edições, o Prêmio é uma importante ferramenta de estímulo à produção artística em âmbito nacional, permitindo o acesso do público a diferentes linguagens. Iniciativa já consolidada como evento de destaque no cenário artístico nacional, a realização do Prêmio visa fomentar a produção artística contemporânea e a divulgação de novos talentos. Como premiação, os artistas recebem quantia prevista em Edital para a montagem das exposições, além de apoio da FCS na divulgação das mostras. Artistas como Adriana Maciel, André Griffo, Bete Esteves, Claudia Tavares, Éder Oliveira, Juliana Gontijo, Luiza Baldan, Luiz Arnaldo, Marcelo Armani, Nydia Negromonte, Patricia Gouvêa, Ricardo Burgarelli, Ricardo Homen, Lorena D’Arc, Renata Cruz, Rodrigo Arruda, Joyce Delfim, Froiid, Erre Erre e João Angelini já tiveram seus trabalhos contemplados em outras edições.

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia. de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das galerias de arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.

Informações

Local

Galeria Mari'Stella Tristão, Galeria Genesco Murta e Galeria Arlinda Corrêa Lima

Horário

Terça a sábado, das 9h30 às 21h, e nos domingos de 17h às 21h

Informações para o público

(31) 3236-7400