4º Prêmio Décio Noviello de Fotografia

15/03/24 - 25/05/24

Câmera Sete - Casa da Fotografia de Minas Gerais

Foto: Divulgação

A partir da potência das imagens, a 4ª edição do Prêmio Décio Noviello de Fotografia busca refletir sobre a construção coletiva e a relação entre a crise ecológica e a colonialidade. A Fundação Clóvis Salgado irá inaugurar duas novas exposições dos vencedores da quarta edição do Prêmio, que ocuparão a CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais, de 15/3 (sexta-feira) até 25/5 (sábado) de 2024, com abertura na quinta-feira, 14/3, às 19h. Os vencedores foram os artistas André Baumecker e Marcelo Castro, com a exposição coletiva “Núcleo Nômade de fotografia – Fotolivro em movimento”, que ficará no Espaço 1, e Marlon de Paula, com “Terra Vinga”, no Espaço 2. 

Os trabalhos foram avaliados conforme os seguintes critérios: qualidade e contemporaneidade, relevância estética e conceitual, originalidade e ineditismo em Belo Horizonte e adequação ao espaço físico pretendido. Os vencedores destacam-se não apenas por sua excelência técnica e estética, mas também por sua relevância social e cultural. Ao explorar questões da contemporaneidade, os mineiros André Baumecker, Marcelo Castro e Marlon de Paula convidam o espectador a uma jornada de reflexão e descoberta, demonstrando o poder da fotografia como meio de expressão e compreensão do mundo que nos cerca. Uiara Azevedo, Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, ressalta a importância da iniciativa. “Além de ser uma ação importante de fomento da Fundação Clóvis Salgado, o Prêmio Décio Noviello se tornou uma vitrine significativa para os artistas emergentes. Ele abrange desde aqueles que estão começando até os mais experientes, incluindo também curadores independentes. E, para o público mineiro, é uma excelente oportunidade de conhecer a diversidade da arte brasileira”, explica.

O Ministério da Cultura, o Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam as exposições do “4º Prêmio Décio Noviello de Fotografia”. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm Patrocínio Master da Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Arte e Cultura. Governo Federal, Brasil. União e Reconstrução.

Construção coletiva das artes – O “Núcleo Nômade de Fotografia” funciona como um laboratório coletivo para a criação de fotolivros, onde a fotografia, a impressão e a prática da caminhada se combinam como elementos-chave do processo criativo. O projeto é dividido em duas etapas principais: uma residência artística intensiva de duas semanas, durante a qual os artistas colaboradores são selecionados por uma convocação pública realizada por meio de um formulário, e uma exposição coletiva subsequente. A exposição combina a experiência de André Baumecker com fotolivros e técnicas de impressão, e a expertise de Marcelo Castro em caminhadas urbanas e reflexão sobre as cidades. Ambos tinham o desejo de criar uma exposição que fosse compartilhada por muitas pessoas, envolvendo diversos artistas e expandindo para a comunidade – e assim surgiu o projeto. 

Concebida como uma experiência imersiva para os visitantes, o “Núcleo Nômade de Fotografia” não apenas apresentará o trabalho final dos artistas colaboradores, mas também revelará o processo criativo por trás de cada imagem e fotolivro. Através da residência artística imersiva, os artistas selecionados explorarão as interseções entre fotografia, performance e a prática da caminhada. O trabalho exposto se desdobrará de um laboratório de criação e impressão a uma exposição fotográfica e a publicação de fotolivros. A proposta, porém, tem seus desafios. 

“Eu acho que o maior desafio é confiar nos acasos, confiar que os artistas que vierem através da convocatória serão artistas interessantes e diversos. É difícil abrir uma exposição vazia ou quase vazia, partindo de um espaço vazio. Eu também preciso confiar nessa construção e no encontro com esse coletivo. Acho que o público vai poder experimentar isso, como se faz uma exposição. Quem quiser vai poder ir lá todo dia e acompanhar do zero como a partir de cada prática a gente vai fazendo várias experimentações a partir do caminhar. A partir daí, vão ser gerados materiais, e a gente começa a experimentar as impressões, e então o público vai poder experimentar a construção de uma exposição. Acho que isso vai ser interessante”, diz Marcelo Castro. 

Repensando o território mineiro – Em “Terra Vinga”, Marlon de Paula mergulha em uma reflexão sobre a colonialidade e sua relação com a crise ecológica atual. As obras fotográficas foram desenvolvidas em pesquisa na Bacia Hidrográfica do Rio das Mortes, em Minas Gerais. A obra vai além da documentação visual, incorporando uma análise histórica e cultural. Por meio de suas fotografias, Marlon registra não apenas a paisagem física, mas também as camadas de história e significado que moldam a experiência do território. A exposição é, portanto, um convite para repensar nossa relação com o meio ambiente e com o passado que nos trouxe até aqui.

“Terra Vinga” foi realizada entre 2017 e 2023, explorando iconografias como gravuras de viajantes do século XIX e mitologias geográficas anteriores às primeiras ocupações europeias e paulistas na região de São João del-Rei, Santa Cruz de Minas e Tiradentes. A produção histórica e historiográfica das ocupações do território mineiro é um tema de grande interesse para o artista. “As leituras relacionadas a esse assunto me provocam e me fertilizam a entrar no processo criativo e repensar como os mapas, as imagens e as fotografias dialogam com esse passado, que pulsa nas práticas contemporâneas de ocupação e de exploração do território”, explica ele. 

Para os mineiros, a história do estado está intimamente ligada à exploração do ouro nos séculos 17 e 18, moldando a relação com a paisagem e os territórios ocupados. “A colonialidade é uma marca, um traço e uma relação que a gente desenvolve com a paisagem e com os territórios que ocupamos. Além da ideia de explorar o território para fins de enriquecimento e de espoliação, a colonialidade também produz imaginários, que criam posições e posturas para se relacionar com o território. A geomitologia é a palavra-chave do ‘Terra Vinga’, porque ela reflete também sobre como, até então, temos um imaginário de uma passividade do território, mas ele não é passivo, e acumula uma série de violências que foram incididas sobre ele. Esse território retorna toda esta violência de séculos na paisagem urbana e na paisagem como um todo. ‘Terra Vinga’ é isso: pensar no território que se agencia dessa capacidade de retornar à violência que foi submetida a ele”, conta o artista. 

Prêmio Décio Noviello de Fotografia – Ainda em 2015, a FCS requalificou a CâmeraSete, transformando o local em um espaço dedicado exclusivamente à linguagem fotográfica. A partir daquele ano, o espaço recebeu a alcunha de CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais. Assim, era criado um edital exclusivo para contemplar essa expressão artística. A adequação também veio atender a uma necessidade da própria classe artística, com o estabelecimento de um espaço referencial para ações de debates e reflexões sobre esta linguagem cada vez mais difundida. Em 2020, o Edital de Ocupação FCS de Fotografia passa a se chamar Prêmio Décio Noviello de Fotografia, em homenagem ao artista mineiro. A iniciativa já recebeu centenas de inscrições com propostas vindas de todo o país. Desde sua primeira edição, o Edital de Fotografia da FCS já contemplou trabalhos dos artistas Dalila Coelho, Maurício Pokemon, Victor Galvão, Élcio Miazaki, Daniel Oliveira, Letícia Lampert, Luiza Baldan, Nelton Pellenz, Tiago Aguiar e do Coletivo Família de Rua.

 

Para agendar visitas mediadas, envie um e-mail para:  agendamento.educativofcs@appa.art.br


FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO –
Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.

Informações

Local

Câmera Sete - Casa da Fotografia de Minas Gerais

Horário

De terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h

Informações para o público

(31) 3236-7400