A paixão segundo Guignard

01/03/24 - 12/05/24

Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard

Foto: Acervo FCS

 

 “O Retrato de Dorian Gray” (1890), do escritor irlandês, Oscar Wilde, é “um romance sobre a destruição da vida através da perfeição da arte, dos preços que pagamos pelos crimes deixados em segredo. Gray é um homem que faz um pacto para permanecer jovem. Apesar dessa vantagem, uma pintura do protagonista, feita por um de seus amigos, acaba manifestando em sua aparência todas as imperfeições da alma de Dorian Gray”.

 

Filho de nobres, o pintor francês, Toulouse-Lautrec (1864-1901) sofria de uma doença genética rara, a Pycnodysostosis, caracterizada por ossos frágeis e baixa estatura. Media 1,52m, com corpo de adulto e pernas de menino. Morreu aos 36 anos, de sífilis e alcoolismo. Mesmo assim, sua obra pós-impressionista é cheia de vida, retratando a Paris boêmia de cabarés e bordéis.

 

Longe do fictício Dorian Gray e muito próximo de Toulouse-Lautrec está o também pintor, Alberto da Veiga Guignard que, no livro do jornalista Marcelo Bortoloti, é “Guignard: anjo mutilado”. Guignard nasceu com uma abertura total entre a boca, o nariz e o palato, causando horror e compaixão em seus pais; compreensível aversão nas mulheres, pelas quais nutria paixões platônicas, logo, não correspondidas. Faleceu relativamente jovem, aos 66, afundado em dívidas e também no alcoolismo.

 

Enquanto o eternamente jovem e belo Dorian Gray transferia toda sua miséria humana para o retrato, escondido de todos; Toulouse-Lautrec e Guignard, mesmo “mutilados”, esbanjavam alegria e bom humor, transformando suas tragédias pessoais em obras de arte repletas de beleza e realmente eternas. Apesar do sofrimento, o universo conspirou a favor de Guignard. Nascido em um 23 de fevereiro de 1896, ele ganharia o maior presente de sua vida 48 anos e seis dias depois, no dia 29 de fevereiro, do bissexto ano de 1944.

 

Ao convidar Guignard, no Rio de Janeiro, em 1943, para dirigir o Instituto de Belas Artes e mais, ao criá-lo com um Decreto Municipal, em 29 de fevereiro de 1944, o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, não poderia imaginar que, oitenta anos depois, o antigo Instituto, hoje Escola Guignard – UEMG, estaria consolidado como uma das mais importantes escolas de belas artes do país. No dia em que completará oito décadas de história, o Palácio das Artes inaugura a exposição “A Paixão Segundo Guignard”, com curadoria de Paulo Schmidt, ex-aluno da Guignard e pesquisador da trajetória do personagem que ficou eternizado com o nome da escola. A curadoria adjunta será de Cláudia Renault. 

 

A mostra reunirá cerca de 200 obras divididas entre trabalhos do próprio Alberto da Veiga Guignard, de dois professores assistentes do artista nos primeiros anos da escola, Edith Behring, Franz Weissmann, e de alunos que estudaram com Guignard durante o período em que foi professor do curso de desenho e pintura, entre 1944 e 1961. Fazem parte da exposição obras de nomes como Amílcar de Castro, Yara Tupinambá e Augusto Degois, entre outros alunos e mestres. Após a abertura no dia 29 de fevereiro, às 19h, a exposição ficará aberta ao público até 12 de maio, na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard.  

 

O Ministério da Cultura, o Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam “A paixão segundo Guignard”. A exposição conta com apoio da Universidade do Estado de Minas Gerais, por meio da Escola Guignard. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm Patrocínio Master da Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e Correalização da APPA – Arte e Cultura. Governo Federal. Brasil – União e Reconstrução. 

 

A Escola Guignard – UEMG faz parte da história do Palácio das Artes. Entre 1950 e 1994, as aulas eram ministradas nas dependências do palácio, mesmo durante o período em que as obras ainda estavam em andamento. A sede atual da escola foi inaugurada em 1994, em um prédio no bairro Mangabeiras projetado pelo arquiteto Gustavo Penna.

 

De acordo com o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, toda a programação em homenagem aos 80 anos da Guignard é um reencontro com a história do Palácio das Artes e com o legado que a escola mantém vivo até hoje. “Esta será a primeira de três exposições que o Palácio das Artes irá realizar sobre os 80 anos da Guignard em 2024. Faremos também, nos dias 27 e 28 de fevereiro, um concerto da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais dedicado à escola, com o nome ‘As Minas de Guignard’. Estamos lançando o Selo ‘80 e Sempre’ como mais uma forma de reforçar os vínculos históricos e permanentes que unem o Palácio das Artes e a Escola Guignard”, afirmou.     

 

O artista plástico Paulo Schmidt, responsável pela pesquisa curatorial da mostra, iniciou há mais de trinta anos seus estudos sobre a vida e obra de Alberto da Veiga Guignard. O interesse pela biografia do artista começou justamente quando Schmidt ingressou na escola, na década de 1980. O curador destaca que esta é a primeira vez que este conjunto de obras será reunido para uma exposição. O espaço da mostra será dividido em diferentes salas, sendo que na primeira delas ficarão expostos textos escritos por Schmidt sobre a trajetória de Guignard em Belo Horizonte.   

 

“As primeiras décadas da Escola terão sua história recontada a partir de obras de alguns dos seus primeiros professores e alunos. Todos os artistas da mostra tiveram contato direto com Guignard, e muitas obras eram originalmente trabalhos escolares encomendados pelo próprio artista em sua época de professor. A exposição será uma oportunidade única para que o público mineiro se reencontre com a história deste artista e, principalmente, da escola, que, nos últimos 80 anos, acumulou um papel transformador na história cultural de Minas Gerais”, concluiu.      

 

Para agendar visitas mediadas, envie um e-mail para:  agendamento.educativofcs@appa.art.br

 

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.

Informações

Local

Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard

Horário

terça a sábado de 09h30 às 21h e domingo de 17h às 21h

Informações para o público

(31) 3236-7400