.m.a.n.i.f.e.s.t.a. | Cia de Dança Palácio das Artes

05/11/22 - 06/11/22

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes| Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

Foto: Paulo Lacerda

 

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“A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos”. O trecho de abertura do manifesto Pau Brasil, escrito por Oswaldo de Andrade e publicado no jornal Correio da Manhã, em 1924, ainda inspira a contemporaneidade a pensar a cultura e o fazer artístico. O poema do cotidiano, a vida como experiência, o lugar ocupado no mundo pelos sujeitos como potência, deglutição e transformação. O manifesto como ação. Esses e outros temas estão presentes no espetáculo inédito que a Cia de Dança Palácio das Artes (CDPA) apresenta em comemoração aos 50 anos do corpo artístico, considerado um dos mais longevos e importantes do país. Intitulado “m.a.n.i.f.e.s.t.a.”, o trabalho ganha vida nos dias 5 e 6 de novembro, respectivamente às 20h30 e 19h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, e tem direção de Kenia Dias e Marise Dinis, que já fizeram parte da companhia como diretoras assistentes. Os bailarinos da CDPA, como acontece desde 2000, são coautores da montagem. A trilha sonora é assinada pela musicista Patrícia Bizzotto. A entrada é gratuita e os ingressos podem ser retirados em www.fcs.mg.gov.br ou na bilheteria do Palácio das Artes.

 

“.m.a.n.i.f.e.s.t.a.” leva ao público uma miscelânea de estéticas, a partir das diversas linguagens propostas pela coreografia pensada pelos bailarinos da companhia em conjunto com as diretoras convidadas. O trabalho parte da leitura dos manifestos Pau Brasil e Antropófago, de Oswald de Andrade, para refletir sobre a contemporaneidade, entrelaçando o legado do movimento modernista, a multiplicidade do presente e as possibilidades abertas nas junções e separações que permeiam os 100 anos de um dos marcos das artes brasileiras: a Semana de Arte Moderna de 1922. “O ponta pé inicial para a concepção do espetáculo foram os dois manifestos de Oswald de Andrade. A partir disso, pedimos aos bailarinos que trouxessem seus próprios manifestos, não como forma de referenciarmos o passado, mas sim para trazermos para o espetáculo as referências políticas, existenciais e artísticas de cada um deles. E a partir dessa diversidade, compormos uma encenação que dialogue com suas próprias histórias e que possa ser experienciada também como uma unidade dentro de mundos diversos”, explica Kenia Dias, diretora de “.m.a.n.i.f.e.s.t.a.”.

 

Foto: Paulo Lacerda

Para Marise Dinis, o espetáculo traz inúmeras indagações como forma de iluminar o presente, tendo a Semana de Arte Moderna de 1922 como ponto de ressignificação. “Seguimos nos perguntando quais são as ausências e presenças desse acontecimento histórico, cujo marco é hoje ressignificado pela arte e pelo pensamento contemporâneo. A proposta, portanto, não é reproduzir um momento, mas lançar diferentes pontos de vista sobre o nosso presente, marcado pela multiplicidade que nos constitui”, pontua a diretora de “.m.a.n.i.f.e.s.t.a.”.

 

50 anos Cia de Dança Palácio das Arte – caminhos, travessias, consolidação artística

A Cia de Dança Palácio das Artes vem celebrando o cinquentenário do corpo artístico desde o ano de 2021, quando realizou uma série de intervenções artísticas em vídeo para as redes sociais. Em julho deste ano, a companhia reencenou o espetáculo “lalangue: carta à mãe”, dirigido por Morena Nascimento, também como parte das comemorações.

 

Tendo a multiplicidade como parte intrínseca do processo artístico, os 50 anos da CDPA consolidam o lugar de diálogo da companhia com a vanguarda e a dança contemporânea, em que os bailarinos são cocriadores do processo artístico. A história da CDPA também é atravessada pelo manifesto, sendo a quarta vez que a companhia trabalha o conceito como ideia de existência e resistência. Para o bailarino Ivan Sodré, que compõe o corpo artístico da CDPA há 23 anos, a Cia. de Dança Palácio das Arte chega a meio século de existência no auge da sua maturidade artística. “Em 2000, quando nós fizemos 30 anos, começamos a mudar o perfil artístico da companhia, e passamos a investir na autonomia criativa do bailarino, promovendo uma autoralidade no fazer artístico. Investimos numa relação de horizontalidade com os diretores que convidávamos. Com o espetáculo “.m.a.n.i.f.e.s.t.a.” estamos consolidando todo esse processo. Consolidando a força de um pensamento de dança na CDPA”, pontua Sodré.

 

Com um corpo artístico diverso, tanto em idade quanto tempo de casa e em linguagem artística, a CDPA emerge a partir da multiplicidade para compor montagens em que a confluência das diversidades se transformem em unidade artística e estética. “Tenho 15 anos de companhia, há bailarinos que estão aqui há trinta anos, e outros que ainda não completaram nem um ano na CDPA. É como se a companhia fosse renascendo dela mesma, num processo de transmissão de pensamento pelos bailarinos antigos aos mais jovens e na interlocução do que os mais jovens também trazem para o corpo artístico. No texto que escrevi para o “.m.a.n.i.f.e.s.t.a.” pontuo esse lugar evolução, das trocas entre o passado, o presente e apontamentos para o futuro.  São os 50 anos de agora, e os próximos 50 anos. É um clima de uma esperança e força muito bem-vindos nos tempos de hoje”, explica a bailarina Cláudia Lobo.

 

Foto: Paulo Lacerda

 

Para Bárbara Maia, bailarina da CDPA, a convivência de diferentes gerações de artistas traz para a companhia vigor e aprendizados constantes. “Há no corpo artístico pessoas que tem diversas bagagens na dança e na vida. As trocas entre nós trazem um aprendizado muito grande. A experiência de cena de artistas que estão na CDPA há anos, décadas, agrega muito para os que estão no início da jornada com a companhia”, pontua Maia, que integra a companhia desde março deste ano.

 

 

Direção como potência criativa

Bárbara Maia também ressalta o papel das diretoras de “.m.a.n.i.f.e.s.t.a.” no seu desenvolvimento profissional. “A montagem de “.m.a.n.i.f.e.s.t.a.” tem trazido outras camadas para o meu trabalho, camadas de dramaturgia para além do movimento, que evocam um corpo voz. Tem me colocado em lugares de desafio e de descobrir potencias do corpo. Quando Kenia Dias trouxe a proposição de trabalharmos com textos dos nossos manifestos, cruzar os nossos manifestos com textos cotidianos, que ela vem chamando de texto-acúmulo, foi possível dizer de coisas com uma objetividade grande e cruzar com lugares muito subjetivos e poéticos, fazendo atravessamentos na linguagem”, ressalta a artista.

 

Ivan Sodré e Cláudia Lobo também destacam o papel fundamental das diretoras Kenia Dias e Marise Dinis na montagem. “Elas trazem um olhar muito sensível para o trabalho. Eu acredito muito no sensível como uma forma de afecção, de se ser afetado, atravessado. Nós só vivemos, pois temos o sensível o tempo inteiro nos atravessando, nos tocando, nos empurrando. E as duas conseguiram extrair esse lugar com maestria de todos nós. Trazê-las para dirigir o nosso espetáculo de 50 anos tem um significado muito grande, pois elas já foram diretoras assistentes do corpo artístico e conhecem muito bem a companhia e a nossa trajetória”, relata Ivan.

 

Já Cláudia Lobo ressalta a amizade com as diretoras, que vem desde a época em que dividiu com as duas a assistência de direção da CDPA. “Esse trabalho que vamos apresentar como comemoração de meio século da companhia me emociona muito por vários motivos. Retomar o tema de manifesto neste momento do Brasil e trabalhar mais uma vez com Kenia e Marise são dois dos lugares que torna o “.m.a.n.i.f.e.s.t.a.” tão especial. A dobradinha das duas, a energia que cada uma emana é uma coisa muito potente, bonita e estimulante”, afirma Lobo.

 

Foto: Paulo Lacerda

 

FICHA TÉCNICA – m.a.n.i.f.e.s.t.a.

 

Concepção e direção: Kenia Dias e Marise Dinis

Criação: Anahí Poty, Ariane de Freitas, Bárbara Maia, Cláudia Lobo, Christiano Castro, Cristhyan Pimentel, Eliatrice Gischewski, Gutielle Ribeiro, Isadora Brandão, Ivan Sodré, Ludmilla Ferrara, Maíra Campos, Mariângela Caramati, Maxmiler Junio, Pablo Garcia, Paulo Weslley, Renato Augusto

Assistentes de direção: Beatriz Kuguimiya e Sônia Pedroso

Assistente de ensaio: Rodrigo Gièse

Figurino: Camila Morena

Trilha sonora: Patrícia Bizzotto

Iluminação: Leonardo Pavanello

Interlocução/espaço cênico: Marcelo Play

Prática vocal: Ana Hadad

Assistente de figurino: Caroline Manso e Lair Assis

Aderecista: Rai Bento

Produção: Ana Alvarenga e Fernando Cordeiro

Agradecimentos: Amana Dias, Ailtom Gobira, Eduardo Campos (OSMG), Tande Campos

 

FICHA TÉCNICA – CIA DE DANÇA PALÁCIO DAS ARTES

 

Bailarinos Criadores:

Anahí Poty

Ariane De Freitas

Bárbara Maia

Cláudia Lobo

Cristhyan Pimentel

Christiano Castro

Eliatrice Gischewski

Gutielle Ribeiro

Ivan Sodré

Isadora Brandão

Ludmila Ferrara

Maíra Campos

Mariângela Caramati

Maxmiler Junio

Pablo Garcia

Paulo Weslley

Renato Augusto

 

Direção Artística: Cristiano Reis

Assistente de direção e diretora de ensaios: Sônia Pedroso

Ensaiadores: Beatriz Kuguimiya e Rodrigo Giése

Bailarinos remontadores de repertório e assistentes de criação: Ariane de Freitas e Ivan Sodré

Bailarinos assistentes de remontagem de repertório: Cláudia Lobo e Christiano castro

Bailarinos técnicos de produção: Lair Assis e Marcos Elias

Bailarino preparador técnico artístico: Eder Braz

Gerente: Ana Alvarenga

Produção: Marieta Santos

Bailarino assistente de logística de produção: Fernando Cordeiro

Técnica clássica: Marcos Elias

Pianista: Márcio Melo

Gyroknesis: Waneska César

 

Foto: Paulo Lacerda

 

CIA DE DANÇA PALÁCIO DAS ARTES

Reconhecida como uma das mais importantes companhias do Brasil, é uma das referências na história da dança em Minas Gerais. Foi o primeiro grupo a ser institucionalizado, durante o governo de Israel Pinheiro, em 1971, com a incorporação dos integrantes do Ballet de Minas Gerais e da Escola de Dança, ambos dirigidos por Carlos Leite – que profissionalizou e projetou a Companhia nacionalmente. O Grupo desenvolve hoje um repertório próprio de dança contemporânea e se integra aos outros corpos artísticos da Fundação – Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e Coral Lírico de Minas Gerais – em produções operísticas e espetáculos cênico-musicais realizados pela Instituição ou em parceria com artistas brasileiros. A Companhia tem a pesquisa, a investigação, a diversidade de intérpretes, a cocriação dos bailarinos e a transdisciplinaridade como pilares de sua produção artística. Seus espetáculos estimulam o pensamento crítico e reflexivo em torno das questões contemporâneas, caracterizando-se pelo diálogo entre a tradição e a inovação.

 

O MODERNISMO EM MINAS GERAIS

O Modernismo como trajetória histórica e cultural é fonte rica e inesgotável: deve ser vivenciado, revisitado, apreciado e preservado. Com essa premissa, o programa O Modernismo em Minas Gerais reconstitui a trajetória do movimento artístico mais marcante do século XX no Brasil.

 

O projeto percorre o núcleo modernista formado em Minas Gerais, principalmente Belo Horizonte, a partir da década de 1920 e evidencia a participação dos mineiros no movimento e suas contribuições em nível nacional. O programa pretende fazer com que o público entre em contato com as contribuições dos artistas nas mais diversas expressões e linguagens culturais, bem como as consequências do movimento nos mais variados domínios da arte.

 

Entre os destaques da programação, estão: Ciclo de Debates, Saraus Modernistas, Espetáculos Musicais, Mostra de Cinema, lançamento de longa-metragem documental, Espetáculo de Dança, Concertos Sinfônicos, Mostra Fotográfica, Espetáculo Teatral e Publicações. A programação acontece até o fim deste ano nos espaços do Palácio das Artes.

 

MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS   –  O Ministério Público de Minas Gerais é uma instituição responsável pela defesa de direitos dos cidadãos e dos interesses da sociedade. A finalidade de sua existência se concentra em três pilares: na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Como defensor da ordem jurídica, o Ministério Público é o fiscal da lei, ou seja, trabalha para que ela seja fielmente cumprida. Para tanto, possui autonomia funcional, administrativa e financeira, não fazendo parte nem estando subordinado aos Poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário. Essa emancipação lhe proporciona um trabalho mais independente, para a garantia dos direitos da sociedade, em conformidade com o que está escrito na Constituição da República. O Ministério Público atua também para impedir ameaças ou violações à paz, à liberdade, às garantias e aos direitos descritos na Constituição. Nesses termos, tem a função de exigir que os Poderes Públicos respeitem esses direitos e garantias.

 

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia. de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.

 

Informações

Local

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes| Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

Horário

5 de novembro | 20h30

 

6 de novembro | 19h

Informações para o público

(31) 3236-7400