O CORPO E BENGUELÊ

11/09/24 - 15/09/24

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes

Foto: Divulgação

 

O Grupo Corpo faz sua temporada anual em Belo Horizonte de 11 a 15 de setembro, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. O programa tem dois de seus balés mais pedidos – O Corpo (2000), trilha de Arnaldo Antunes, e Benguelê (1998), música de João Bosco. Pode-se dizer que são criações antípodas – o urbano e o telúrico, o contemporâneo e o ancestral, o pop e a dança popular – e complementares no seu afeto brasileiro, traduzidas na movimentação ímpar da companhia mineira.

 

 

A temporada do Grupo corpo, que acontece de 11 a 15 de setembro no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, junta no programa duas obras de estética e ambientação muito diversas. O Corpo, que estreou no ano 2000, tem trilha do ex-Titã Arnaldo Antunes; Benguelê, de 1998, é voz de ancestralidades, folguedos populares, da mistura cultural e da força do Brasil afro. Ambas voltam 1ª cidade depois de longa ausência – O Corpo foi visto na cidade em 2011 pela última vez e Benguelê, em 2016.

 

As duas coreografias de Rodrigo Pederneiras, reunidas nesse programa, traduzem a brasilidade urbana e sertaneja, do Sudeste e do Nordeste, do tecnopop vertiginoso e da tradição em artesania.

 

O Grupo Corpo tem patrocínio master do Instituto Cultural Vale e da Cemig, e patrocínio do Itaú Unibanco, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

 

O Corpo

 

Com o palco às escuras, as vozes filtradas puxam o mote: pé/mão/pé/mão. No fundo, piscam luzes vermelhas como as de um painel eletrônico. Os bailarinos, de malha preta pontuada por amarrações e volumes, mergulham na batida tecno enquanto as palavras (mão/umbigo/braço) vão se tornando mais e mais percussivas, mais som e menos significado. Tambores eletrônicos ressoam, permeados por melodias de várias origens – do funk à música árabe, do baião ao reggae.

 

Assim começa O Corpo, a primeira criação para a dança do compositor, escritor, poeta e performer Arnaldo Antunes. Ele partiu para uma tradução musical, sonora e semântica do corpo, como organismo e como engrenagem, mecanismo. É o corpo, então, “esse composto de ossos carne sangue órgãos músculos nervos unhas e pelos” que preside a peça de oito movimentos gravada com instrumentos acústicos, elétricos e eletrônicos; ruídos orgânicos como grunhidos, gritos e sangue nas veias fundem-se com guitarras, violões, teclados, baixo, percussão e as vozes de Arnaldo, Saadet Türkoz e Mônica Salmaso.

 

Neste balé, que celebrou no ano 2000 os 25 anos do Grupo corpo, Rodrigo Pederneiras arquitetou movimentos mais secos e vertiginosos para a companhia. A pulsação ao mesmo tempo tribal e futurista incorpora-se nos movimentos, que vão do fetal, intrauterino, ao autômato.

 

O linóleo é vermelho e o cenário virtual, projetado por Paulo Pederneiras, faz a sincronização de luzes vermelhas em diversas saturações, muitas vezes acompanhando a trilha e dialogando com graves e agudos; um quadrado branco delimita, aqui e ali, o espaço cênico.

 

O Corpo (2000)

 

Coreografia: Rodrigo Pederneiras

Música: Arnaldo Antunes

Cenografia e iluminação: Paulo Pederneiras

Figurino: Freusa Zechmeister e Fernando Velloso

 

(duração: 42 minutos)

 

Benguelê

 

Negro, árabe, indígena; popular e erudito; oceânico e desértico. E intenso. A peça musical de João Bosco, artista mineiro e universal como é o Grupo Corpo, transita pela miscigenação amorosa do Brasil a partir do jongo eternizado em 1965 por Clementina de Jesus (a canção Benguelê, de Pixinguinha e Gastão Vianna), que surge em arranjo a capela. São onze temas especialmente criados (ou recriados) por Bosco, iluminados pela Mãe África e enriquecidos pelas influências cruzadas em uma festa brasileira.

 

A saudade do chão natal, porém – o banzo – é uma origem possível da palavra que dá título ao balé: a fusão de Benguela, região situada ao sudoeste de Angola, com o fonema − em quimbundo, nostalgia, saudade.  O sentimento do banzo, melancólico e ao mesmo tempo enérgico, preside a trilha de Bosco.

 

A música negra de raiz, produzida pelos descendentes de escravizados no Rio de Janeiro − é evocada em Tarantá, Carreiro Bebe e, principalmente, em Benguelê. Pixinguinha é citado também, com trechos de 1 x 0 (inspiração do choro-goleada) de e Urubu Malandro.

 

Essa rica mistura das influências europeia, oriental, do sertão e da rica negritude ganhou a roupagem de uma banda de feras: além do próprio Bosco (violão acústico e vozes) contou com Jacques Morelenbaum (violoncelo), Osvaldinho do Acordeom (acordeom), Proveta (sax e clarineta), Ricardo Silveira (viola de 12 e violão de aço), Nico Assunção (contrabaixo), Robertinho Silva e Armando Marçal (percussão), além do tenor Sandro Assunção (uma das vozes de Travessia).

 

Benguelê é explosivo”, dizia o coreógrafo Rodrigo Pederneiras na estreia do balé, em 1998.  Tida como a criação mais fincada na referência das danças populares brasileiras até então, a coreografia repleta de marcações de pé, de pélvis, de ombro, muita mão no quadril e remelexo de cintura se desdobram no festivo, no ritualístico, no ancestral mesmo, com figuras humanas vergadas pelo tempo e imagens animalizadas.

 

A ocupação do espaço é, na maior parte do tempo, anárquica, frenética; a exceção é no momento da Travessia, quando os bailarinos ocupam também uma passarela que divide o palco em dois planos. A cenografia de Fernando Velloso e Paulo Pederneiras, em tons escuros de breu e grafite, faz contraponto com a mistura final de todas as cores nos figurinos de Freusa Zechmeister, que adota o branco como matriz e trabalha com a sobreposição de tecidos.

 

Se nos primeiros três quartos do espetáculo, o rito afro, o jogo de roda, a quadrilha, os cortejos e as danças dos devotos se misturam, no palco e nos ouvidos, o final é pura festa, com a coroação do Rei do Congo explodindo em cores e alegria.

 

 

Benguelê (1998)

 

coreografia: Rodrigo Pederneiras

música: João Bosco

cenografia: Fernando Velloso e Paulo Pederneiras

figurino: Freusa Zechmeister

iluminação: Paulo Pederneiras

 

(duração: 41 minutos)

 

 

GRUPO CORPO


                                  LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA

Patrocínio master: INSTITUTO CULTURAL VALE e CEMIG

Patrocínio: ITAÚ UNIBANCO

Realização: MINISTÉRIO DA CULTURA e GOVERNO FEDERAL

 

 

SERVIÇO

O Corpo e  Benguelê

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes

Av. Afonso Pena, 1537

 

11 a 15 de setembro

[quarta a sábado – 20h; domingo – 18h]

 

Ingressos:
Bilheteria do teatro

(de segunda a sábado, das 12h às 21h – domingo, de 17h às 20h)

(31) 3236.7400

Online pelo Eventim

 

Plateia I – Central = R$220,00 inteira/ R$110,00 meia

Plateia I – Lateral = R$160,00 inteira/ R$80,00 meia

Plateia II – Central = R$200,00 inteira/ R$100,00 meia

Plateia II – Lateral = R$160,00 inteira/ R$80,00 meia

Plateia Superior
Filas A, B e C = R$100,00 / R$50,00 meia

Filas D, E, F, G, H, I, J = R$40,00 / R$20,00 meia

 

Classificação indicativa: livre

Duração: 1h43 (com intervalo de 20 min.)

 

Informações

Local

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes

Horário

quarta a sábado–20h; domingo–18h

Duração

1h43 (com intervalo de 20min)

Classificação

Livre

Informações para o público

(31) 3236-7400