Programa “O Modernismo em Minas Gerais” celebra o centenário da Semana de Arte Moderna ao longo de 2022

publicado em 15 de março 2022
Foto: Paulo Lacerda

Nesta segunda-feira (14/3), foi lançado, no Palácio das Artes, o programa “O Modernismo em Minas Gerais”, uma parceria inédita entre a Fundação Clóvis Salgado (FCS), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), e a Appa Arte e Cultura. A iniciativa celebra o centenário do modernismo brasileiro, representado pela Semana de Arte Moderna de 1922, com destaque para o núcleo modernista de Minas Gerais.

Estiveram presentes na solenidade o governador de Minas Gerais, Romeu Zema; o Procurador Geral de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Jarbas Soares Junior; o presidente do Fundo Especial do Ministério Público (Funemp), procurador de Justiça Jacson Rafael Campomizzi; o Secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira; a Presidente da Fundação Clóvis Salgado, Eliane Parreiras; e os pesquisadores e produtores Epaminondas Bittencourt, Breno Nogueira e Leonardo Pontes Guerra.

O evento contou também com apresentação da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e do Coral Lírico de Minas Gerais, além das participações especiais de Rosana Lamosa (soprano) e Luciana Monteiro (mezzo). Foram executadas duas canções da Floresta do Amazonas: Melodia Sentimental e Canção de Amor, e Magnificat-Alleluia, de Heitor Villa-Lobos, compositor e maestro que teve grande importância no período do modernismo no Brasil.

Apresentação da OSMG e do CLMG – Foto: Paulo Lacerda

“O Modernismo em Minas Gerais”

O programa é viabilizado com recursos do Fundo Especial do Ministério Público (Funemp), totalizando R$ 2,4 milhões.

A Fundação Clóvis Salgado preparou uma programação para todo ano de 2022 e que vai destacar a participação de Minas Gerais no modernismo, os principais nomes do estado, contribuições em nível nacional e consequências do movimento na cultura. 

Entre os destaques da programação estão: Ciclo de debates, Saraus modernistas, Espetáculos musicais, Mostra de Cinema, lançamento de longa-metragem documental, Espetáculo de dança, Concertos Sinfônicos, Mostra Fotográfica, Espetáculo Teatral e Publicações. As atividades acontecerão no Palácio das Artes e de forma virtual.

Romper paradigmas

Visita à exposição “Percurso Modernista”, no Palácio das Artes – Foto: Paulo Lacerda

Durante pronunciamento, o governador Romeu Zema afirmou que o Modernismo nos ensinou que, em alguns momentos, é preciso romper com as tradições, porém sem esquecer as nossas origens.

“É isso que estamos fazendo na nossa gestão à frente do Governo do Estado. Proporcionando uma maneira diferente de enxergar o poder público e fazer políticas públicas, mas sem desrespeitar os processos que foram duramente desenvolvidos ao longo de décadas. Assim como os Modernistas, estamos quebrando paradigmas para avançarmos”, explicou. 

De acordo com Zema, o estado que preserva a sua história e sua cultura é um estado que consegue enxergar melhor as oportunidades. “Não só no sentido de entender as tradições, mas principalmente como forma de avaliar se o que funcionou no passado ainda funciona no presente”, disse.

Para o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, a Semana de Arte Moderna teve forte influência em diversos segmentos artísticos e movimentos posteriores a ela. “Foi o nacionalismo antropofágico que levou os modernistas a uma aproximação de uma ideia de brasilidade. A modernidade brasileira propôs e realizou um novo pensamento estético, cultural, artístico, revolucionário e de vanguarda, voltado para si mesmo, na busca de sua essência cultural, histórica e social.

O titular da Secult também destacou a importância dessa iniciativa inédita entre o Ministério Público e a Fundação Clóvis Salgado. De acordo com Oliveira, esse programa trará inúmeros benefícios para toda a cadeia produtiva da cultura no estado. “Essa parceria do Sistema Estadual de Cultura com o Ministério Público de Minas Gerais merece ser celebrada e traz bons frutos, valorizando e difundindo ainda mais a cultura e a arte no estado”, afirmou o secretário.

Barroco mineiro

A Semana de Arte Moderna de 1922 foi a primeira manifestação coletiva pública na história cultural brasileira a favor de um espírito novo e moderno em oposição à cultura e à arte de teor conservador, predominantes no país desde o século XIX.

Em visita a Ouro Preto, em 1919, Mario de Andrade se encantou com o Barroco Mineiro, por ser uma arte genuinamente brasileira. Nasceu daí a base conceitual do modernismo brasileiro e a Semana da Arte Moderna.

A pintora Zina Aita e o poeta Agenor Barbosa foram os únicos artistas mineiros a participar da Semana da Arte Moderna de São Paulo. Ambos se destacavam por apresentar uma nova forma de ver o mundo.

Fonte inesgotável

Para a presidente da Fundação Clóvis Salgado, Eliane Parreiras, a celebração do centenário da Semana de Arte Moderna é uma rara oportunidade de se lançar um olhar sobre as influências, potências e o desdobramento do Movimento Modernista a partir de uma perspectiva contemporânea.

“O Modernismo, como trajetória histórica e cultural, é fonte rica e inesgotável. Ele deve ser vivenciado, revistado, apreciado e preservado. A influência de Minas Gerais nesse movimento apresenta traços únicos da nossa realidade e provocou inúmeros desdobramentos”, afirmou.

Segundo o procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Jarbas Soares Junior, a parceria junto à FCS demonstra que o MPMG é um autêntico agente de transformação social preocupado com valores sociais e culturais, atuando junto à sociedade civil para promoção da cultura mineira.

Jarbas Soares Junior afirmou ainda que o Funemp está aberto a outras iniciativas culturais.

Legado

Em 1924, os principais expoentes do modernismo nacional desembarcaram em Belo Horizonte, e encontraram uma jovem capital que vivia uma efervescência cultural proporcionada por uma geração diferenciada e incomodada com as grandes transformações sociais e urbanas.

Nas décadas seguintes, as grandes transformações de Belo Horizonte seriam estendidas para todo o Brasil, influenciando a cultura brasileira, culminando na construção da política educacional, cultural, do reconhecimento e preservação do patrimônio histórico e artístico nacional.

Outro legado foi a revolução no urbanismo e na arquitetura sintetizadas no Conjunto Moderno da Pampulha, na década de 1940, e na construção de Brasília, na década de 1960.