O objeto como arte: Cláudia Renault

O que faz um objeto ser arte? Para iniciarmos essa conversa, convidamos você para refletir sobre o que é, afinal, um objeto de arte.

Muitas vezes pensamos em arte como pintura, escultura, gravura, fotografia, etc. O site “Fluxo de Informação” (2022) nos informa que  “Objeto na arte pode ser qualquer coisa, peça, artigo, algo manipulável, objetos como uma tela, pincel, tintas, papel, lápis de cor… Os objetos utilizados variam conforme o tipo de arte e o estilo do artista…” Eles também nos informam que o termo “Ready made” (que tem relação com objetos manufaturados produzidos em série) foi criado pelo artista Marcel Duchamp para nomear um tipo de objeto de arte inventado por ele, que era retirado do uso cotidiano comum e exposto como obra em galerias de arte. Naquele tempo, o que tradicionalmente ocupava uma galeria de arte eram pinturas, esculturas, gravuras e outras linguagens que demonstravam as habilidades manuais de quem as produzia. Quando Duchamp resolve se apropriar de objetos feitos em série, por outras pessoas, e retirados do uso cotidiano, ele buscava questionar a forma de enxergarmos a arte e os critérios estéticos que usávamos até então. A manipulação ou a exibição da expertise técnica do artista por meio de sua peça de arte ganhava menor importância nesse tipo de arte e o que importava ali era a ideia contida no objeto, sendo que seu significado poderia ir além daquilo imaginado pelo artista, abrindo múltiplas possibilidades de interpretação sobre significados atribuídos à peça, dependendo do contexto, cultura e tempo em que ela estiver sendo exposta.

Manoel de Barros (2016) dizia que “as coisas não querem ser vistas por pessoas razoáveis”, portanto, acreditamos que a melhor maneira de olhar os objetos é deixando a criatividade livre.

Então, quando entrar em uma exposição de arte, tenha em mente esse convite que os objetos fazem para olhá-los e experimente fazer o exercício de criar novos significados, sentidos e relações com os mesmos.

A belo-horizontina, artista visual, professora e curadora Cláudia Renault vivenciou a experiência de ficar quatro anos fora do país, longe de seu ateliê. Nesse período, passou a andar pelas ruas prestando atenção nos objetos que encontrava, coletando e colecionando refugos a fim de que fizessem parte de seu novo ateliê em construção. Segundo Agnaldo Farias (2016), “os retalhos dos objetos deitados fora, abandonados nas ruas, as sombras que descuidadamente designamos como lixo, além de ser o principal produto da sociedade contemporânea, são a tradução exata dessa enxurrada de informações e objetos que, como diz a artista, ‘vai chegando de tudo quanto é lado, diariamente, [o que] perturba muito os sentidos e as nossas crenças“.
Do refugo e das memórias contidas nesses objetos, ressignificando o olhar sobre eles, a artista compôs a exposição “O que sei, tinha sido o que foi” (ArteMinas 2016), realizada na Galeria Mari’Stella Tristão, no Palácio das Artes.

Observe, a seguir, registros de duas fotos que fizeram parte da exposição:

Imagem 1: Fotografia de objeto, Cláudia Renault. Fonte: Catálogo da Exposição “O que sei, tinha sido o que foi”, ArteMinas 2016, FCS

Imagem 2: Fotografia de objeto, Cláudia Renault. Fonte: Catálogo da Exposição “O que sei, tinha sido o que foi”, ArteMinas 2016, FCS

Sugestão de atividade:

Este é um exercício de olhar que começa observando o que se tem em casa.

Procure por algum objeto que considere interessante e que seja um “objeto comum”, de uso cotidiano. Observe-o cuidadosamente, seus detalhes, sua forma, etc. Tente ressignificá-lo imaginando quais outras funções, relações e histórias ele pode ter.

E aí, fez o exercício? Nós, do Criarte, estamos curiosos para saber o que imaginou e relembrou. Quer compartilhar conosco? Fotografe o objeto e comente sobre ele. Para isso, publique em suas mídias sociais usando as hashtags #educativofcs, #criarte e também @fcs.palaciodasartes no Instagram.

Referências:
BARROS, Manoel de. “O livro das ignorãças”. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016.

“O que é um objeto de arte?”. Fluxo de Informação, 2022. Disponível em: <https://fluxodeinformacao.com/biblioteca/artigo/read/75315-o-que-e-um-objeto-de-arte>. Acesso em: 05 dez. 2022.

Cláudia Renault. “O que sei, tinha sido o que foi”. Belo Horizonte: Fundação Clóvis Salgado, ArteMinas 2016. Catálogo de Exposição.

Sobre a autora:

Nathália Bruno é bacharel e licenciada em Artes Plásticas, especialista em Ensino de Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas, mestranda em Artes, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.