A) Alagoas e Jonathas de Andrade

Palavras-chave: Incerteza Viva, ritual, filme.

Bora falar de arte?

Depois de Acre e Seu Hélio, o Bora desta semana “viaja” para Alagoas: estado que tem como capital Maceió, está situado ao leste da região Nordeste do Brasil, com saída para o Oceano Atlântico, e faz fronteira com os estados de Pernambuco (ao norte), Bahia (ao oeste) e Sergipe (ao Sul). O clima alagoano é semiárido e predominantemente tropical, e o bioma da região é caracterizado pela Caatinga e pela Mata Atlântica. A vegetação litorânea é composta por mangues e restingas. Nessa região nasceu o artista Jonathas de Andrade (1982), que atualmente vive em Recife, Pernambuco. 

Um fato importante a se destacar sobre Alagoas é que o Quilombo dos Palmares – maior quilombo da América Latina – foi formado nesse estado. Considerado um símbolo da resistência dos povos escravizados no Brasil, teve como principal representante Ganga-Zumba e, posteriormente, Zumbi.

Com um trabalho de pesquisa que alinhava o documental com a ficção, o artista Jonathas Andrade nos propõe a reescrita da história por meio de reinvenções narrativas. Em suas obras estão presentes questões que abordam reflexões sobre construções de gênero, classes e etnias que estão estruturadas na sociedade brasileira. Seus trabalhos são produzidos em fotografia, vídeos e instalações. Além disso, desenvolve um diálogo colaborativo com as comunidades que normalmente estão à margem dos centros de poder. Com o olhar sob o cotidiano, Jonathas vai construindo um mapa estético, fictício e crítico da sociedade.

Imagem: Mara Tavares

“O peixe

Esse filme foi exibido na 32ª Bienal de São Paulo, no Palácio das Artes, em 2017. Com o título Incerteza Viva, a exposição apresentou fragmentos de “O peixe” (2016). A obra foi realizada com peixes de cativeiro capturados na foz do Rio São Francisco. Nas cenas, podemos ver a espera, a captura e o abraço.

A pesca realizada com técnicas tradicionais – rede e arpão – é transfigurada em um ritual através das lentes do artista. O vídeo nos convida a ficar diante da cena por um certo tempo – tempo em que os gestos se repetem -, ultrapassando a prática habitual do pescar e com isso criando uma abertura para o espectador observar as relações entre homem e peixe; alimento e presa; e parar diante de um abraço que aconchega a vida que desvanece. Venha com a gente conhecer um pouquinho mais sobre Jonathas de Andrade! Além de “O peixe”, tem a obra “Com o coração saindo pela boca” (2022) e outras mais!

Na próxima publicação, nosso convite continua em aberto: Bora falar de arte? Lembre-se de acompanhar as redes sociais da Fundação Clóvis Salgado para se manter atualizado sobre a arte contemporânea!

Sobre as autoras:

Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Mara Tavares é professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.